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Um campeão no semáforo

Lutador de jiu-jitsu pede dinheiro nos sinais de Teresina para tentar ir à Las Vegas disputar um campeonato

18 de julho de 2022

Edição Luana Sena

De kimono azul, Genilson Ferreira de Sousa caminha entre os carros nos semáforos do centro de Teresina com uma missão: ele quer ir à Las Vegas, representar o Brasil em um dos maiores campeonatos de jiu-jitsu do mundo. O piauiense, de José de Freitas, é o único brasileiro na competição. Com uma coleção de mais de 150 medalhas e quase metade da vida dedicada ao esporte, ele ainda não tem patrocínio e investimento para poder se dedicar às lutas. Para não desistir do seu sonho, o jeito foi ir às ruas da capital, distante 90 quilômetros de casa. 

Nos ringues, ele é conhecido como Jacaré. O apelido não tem nada a ver com o animal, mas a semelhança com um lutador de UFC Ronaldo Jacaré. Começou desde aos 15 anos, por vontade própria, e percebeu habilidade acima do padrão para competir. A jornada não parou e, em menos de uma década, já tinha viajado dentro e fora do país competindo. Em 2013, concorreu ao campeonato mundial de jiu-jitsu na Califórnia. O jovem saiu do Piauí para brilhar nos tatames dos Estados Unidos e venceu. 

Há quinze anos, Jacaré percorre o mundo competindo jiu-jitsu (Foto: acervo pessoal)

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Mesmo colecionando medalhas a cada ano, o investimento do atleta tem chegado em passos lentos. Quando não está trabalhando como técnico de assistência em eletrônicos, ele dá aulas de jiu-jitsu na academia para conseguir ir às competições. A situação é bem diferente do que ele gostaria: poder se dedicar integralmente às lutas. 

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Quem contrata seus serviços de assistência, através da loja online, talvez nem saiba que fala com um campeão mundial de jiu-jitsu. Ou talvez saiba: nos últimos anos, não tem faltado canais de televisão, rádios e sites para contar sua história. “Até fiquei um pouco famoso por isso”, conta ao oestadodopiaui.com. Falta patrocínio, mas sobram promessas – seja do governo, como da iniciativa privada, mas nada que pudesse mudar a vida do atleta. 

Tanto este ano como nas disputas anteriores, o atleta tem dado um jeito de custear as próprias despesas para viagem ao exterior. Jacaré tenta de tudo: rifas, bingos, seminários e doações. Mais recentemente têm recorrido ao semáforo, no horário da noite ou ao meio-dia, quando consegue se desocupar e fazer um turno extra entre os afazeres em busca do sonho. Tudo isso para não virar estatísticas dos atletas que deixam o esporte pela falta de investimento. Jacaré é da mesma terra de Sarah Menezes, campeã mundial de judô, onde o abismo do descaso com esportistas tem acompanhado cada nova geração de atletas que nasce no Piauí. 

Agora, ele quer ir à Las Vegas, representar o Brasil em um dos maiores campeonatos do mundo (Foto: acervo pessoal)

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Quem tem lhe apoiado incansavelmente é a companheira: Shisley Dias. A mulher é aluna de jiu-jitsu e, junto com Jacaré, carrega a placa entre os carros que diz: “Ajude um atleta a lutar no campeonato de jiu-jitsu em Las Vegas”. São mais de oito anos de casamento e, nessa luta, a dupla de atletas disputa junto. 

O campeonato em Las Vegas acontece em setembro. Mas, um mês antes, o atleta já precisa estar na cidade. “O corpo do lutador precisa estar habituado”, explica Jacaré. “Nos EUA é muito frio e também preciso resolver outras formalidades da competição”. Enquanto isso, ele precisa correr para apurar entre a academia, a assistência e o semáforo e conseguir a quantia necessária para se manter fora do país e trazer mais um título no peito. 

Para ajudar Jacaré a ir aos EUA, ele aceita PIX de qualquer quantia:
Genilson Ferreira de Sousa – (86) 98129-2907. 

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