De kimono azul, Genilson Ferreira de Sousa caminha entre os carros nos semáforos do centro de Teresina com uma missão: ele quer ir à Las Vegas, representar o Brasil em um dos maiores campeonatos de jiu-jitsu do mundo. O piauiense, de José de Freitas, é o único brasileiro na competição. Com uma coleção de mais de 150 medalhas e quase metade da vida dedicada ao esporte, ele ainda não tem patrocínio e investimento para poder se dedicar às lutas. Para não desistir do seu sonho, o jeito foi ir às ruas da capital, distante 90 quilômetros de casa.
Nos ringues, ele é conhecido como Jacaré. O apelido não tem nada a ver com o animal, mas a semelhança com um lutador de UFC Ronaldo Jacaré. Começou desde aos 15 anos, por vontade própria, e percebeu habilidade acima do padrão para competir. A jornada não parou e, em menos de uma década, já tinha viajado dentro e fora do país competindo. Em 2013, concorreu ao campeonato mundial de jiu-jitsu na Califórnia. O jovem saiu do Piauí para brilhar nos tatames dos Estados Unidos e venceu.
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Mesmo colecionando medalhas a cada ano, o investimento do atleta tem chegado em passos lentos. Quando não está trabalhando como técnico de assistência em eletrônicos, ele dá aulas de jiu-jitsu na academia para conseguir ir às competições. A situação é bem diferente do que ele gostaria: poder se dedicar integralmente às lutas.
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Quem contrata seus serviços de assistência, através da loja online, talvez nem saiba que fala com um campeão mundial de jiu-jitsu. Ou talvez saiba: nos últimos anos, não tem faltado canais de televisão, rádios e sites para contar sua história. “Até fiquei um pouco famoso por isso”, conta ao oestadodopiaui.com. Falta patrocínio, mas sobram promessas – seja do governo, como da iniciativa privada, mas nada que pudesse mudar a vida do atleta.
Tanto este ano como nas disputas anteriores, o atleta tem dado um jeito de custear as próprias despesas para viagem ao exterior. Jacaré tenta de tudo: rifas, bingos, seminários e doações. Mais recentemente têm recorrido ao semáforo, no horário da noite ou ao meio-dia, quando consegue se desocupar e fazer um turno extra entre os afazeres em busca do sonho. Tudo isso para não virar estatísticas dos atletas que deixam o esporte pela falta de investimento. Jacaré é da mesma terra de Sarah Menezes, campeã mundial de judô, onde o abismo do descaso com esportistas tem acompanhado cada nova geração de atletas que nasce no Piauí.
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Quem tem lhe apoiado incansavelmente é a companheira: Shisley Dias. A mulher é aluna de jiu-jitsu e, junto com Jacaré, carrega a placa entre os carros que diz: “Ajude um atleta a lutar no campeonato de jiu-jitsu em Las Vegas”. São mais de oito anos de casamento e, nessa luta, a dupla de atletas disputa junto.
O campeonato em Las Vegas acontece em setembro. Mas, um mês antes, o atleta já precisa estar na cidade. “O corpo do lutador precisa estar habituado”, explica Jacaré. “Nos EUA é muito frio e também preciso resolver outras formalidades da competição”. Enquanto isso, ele precisa correr para apurar entre a academia, a assistência e o semáforo e conseguir a quantia necessária para se manter fora do país e trazer mais um título no peito.
Para ajudar Jacaré a ir aos EUA, ele aceita PIX de qualquer quantia:
Genilson Ferreira de Sousa – (86) 98129-2907.
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