Se o Piauí já é um estado banhado pelo dourado do sol, ele está ainda mais resplandecente pelas medalhas conquistadas por nossos jovens atletas. O estado alcançou uma conquista histórica nos Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s) de 2023, acumulando 34 medalhas. Esse feito já supera o número de medalhas obtidas na última edição, na qual a delegação piauiense trouxe para casa um total de 23 medalhas. Além dessa conquista, os jovens atletas piauienses quadruplicaram o número de medalhas de ouro em comparação ao ano anterior: em 2022, alcançaram quatro; agora, em 2023, já somam 16 medalhas douradas.
Os JEB’s são a principal competição escolar do país, sendo um verdadeiro celeiro de talentos. A edição de 2023, sediada em Brasília de 28 de outubro a 9 de novembro, reuniu estudantes-atletas representando 26 estados e o Distrito Federal, competindo em emocionantes disputas de 18 modalidades. O Piauí, por sua vez, participou em 15 delas, incluindo modalidades como judô, karatê, vôlei de praia, atletismo e xadrez.
Uma das atletas que trouxe ouro para o karatê do Piauí foi a adolescente Ana Laura Figueiredo, de 13 anos. A atleta foi descoberta nos Jogos Escolares em 2021, ainda quando morava em São Raimundo, no Piauí. Na época, ela era iniciante no karatê e se classificou para representar o Piauí nos Jogos Escolares, o que a motivou a buscar mais oportunidades e se especializar no esporte. Apesar de não ganhar uma medalha naquele ano, a participação despertou nela um forte desejo de se aprimorar no karatê. Hoje, ela faz a terra sol brilhar ainda mais dourada com a conquista do ouro e a promessa de um futuro ainda mais brilhante. “Ano passado eu conquistei a medalha de bronze na série Prata. Ter conquistado essa medalha ano passado, em 2022, já me deu muito mais motivação para poder treinar mais e ter ido a buscar o ouro esse ano”, comenta a atleta.
A competição abriu as portas para a garota no mundo esportivo e fez com que ela se apaixonasse cada vez mais pelo karatê. Ao olhar para o futuro, a determinação de Ana Laura é alimentada por essa vontade de crescer no esporte e fazer o Brasil e o Piauí chegarem ao topo do pódio mundial. “Eu tenho metas e sonhos de ser campeã mundial e olímpico. Quero ser referência mundial e fazer história defendendo a bandeira da nossa nação, do Brasil”, assegura.
Quando as metas se unem aos sonhos e são fortalecidas por um trabalho árduo, surge uma sinergia poderosa que impulsiona cada passo em direção ao sucesso. E para Ana Laura, a medalha de ouro nos JEB’s é apenas um degrau nessa história de sucesso. “Ter conquistado esse ouro só me motiva mais para querer continuar treinando cada vez mais para poder futuramente conquistar o mundo”, comenta a garota.
As competições esportivas escolares proporcionam um cenário para o florescimento de talentos, onde jovens atletas podem ser descobertos e encorajados a perseguir carreiras esportivas mais sérias. João Soares, Presidente da Federação de karatê do Piauí e técnico da seleção brasileira de karatê, é um dos entusiastas dos JEB’s. Para ele, o evento é uma oportunidade de descobrir e aperfeiçoar os melhores atletas da atualidade no estado. “Hoje, os Jogos Escolares representam o maior incentivo aos atletas a estarem buscando se aperfeiçoar cada vez mais para ter essa oportunidade de viajar, conhecer outros estados, estarem disputando um evento a nível nacional com os melhores atletas do Brasil”, ressalta.
O gambito dela
Nos esportes, os campos de batalha são variados: tatames, quadras, gramados e piscinas. Mas no xadrez, o tabuleiro é o campo estratégico. Nesse espaço quadriculado, as peças se movem em uma disputa silenciosa meticulosamente planejada. Foi com maestria nesse palco que Adriana Alves, de 13 anos, conquistou a medalha de ouro em dupla para o Piauí junto da colega Maria Eduarda. Residente na localidade de Frecheiras, na zona rural de Batalha-PI, e estudante do CETI Gayoso e Almendra, Adriana é bicampeã piauiense na modalidade de xadrez e agora alcançou o título de campeã nacional na liga bronze dos JEB’s . A atleta explica que essa conquista é fruto de muita dedicação. “Meu processo de treinamento foi treinar na escola no grupo da escola com meu coordenador, além de treinos com meus amigos enxadristas. Em casa, contei com a parceria do meu irmão, e utilizei aplicativos que se mostraram muito úteis para o aprimoramento. Além disso, assisti a vídeos de partidas antigas de grandes mestres, buscando aprimorar ainda mais minha compreensão do jogo”, explica.
O interesse de Adriana pelo xadrez despertou na infância, influenciado pelo irmão mais velho que incentivou esse amor pelo tabuleiro. Hoje, esse incentivo é uma marca duradoura que molda o caminho de Adriana para se tornar uma enxadrista pronta para dominar as competições mundiais. “Em 2022 disputei os Jogos Escolares Piauienses (JEPI’s) em Teresina e fui campeã. Em 2023, ganhei novamente os JEPI’s em Teresina e fui competir em Brasília, ganhando a medalha de ouro na liga bronze. Desde sempre tive o incentivo da minha família, principalmente do meu irmão. Foi ele quem me ensinou a jogar”, relata.
Com os olhos voltados para o futuro, a adolescente planeja continuar surpreendendo seus adversários com xeque-mates, consolidando assim uma trajetória de sucesso no xadrez. “Uns dos meus sonhos que desejo alcançar no futuro é chegar a ser pelo menos ser Mestre Fide (WFM)”, comenta Adriana.
Sem amarras
Segurar, prender, imobilizar. Esse é o princípio do wrestling , um dos esportes mais antigos do mundo, que consiste numa luta para manter os adversários imóveis. É nesse esporte que Jeferson Manoel, de 14 anos, faz o Piauí se mover e avançar entre os outros estados, ampliando o quadro de medalhas conquistado pelo estado e seus atletas. Natural de Batalha-Pi, o adolescente, que tradicionalmente luta jiu-jítsu, faz juz ao nome da cidade em que nasceu: as batalhas são o forte dele. Jeferson começou a se dedicar à luta livre e ao wrestling há poucos anos e já conquistou bronze na modalidade durante o JEB’s. “Foi uma experiência única. Há algum tempo atrás nem passava pela minha cabeça que me sairia tão bem no wrestling. No início de junho desse ano participei da etapa estadual e me destaquei, fiquei muito feliz com o resultado, fiquei ainda mais motivado para seguir lutando”, relata.
O adolescente chegou ao mudo do wrestling pelo jiu-jítsu, onde já trilha um caminho com muitos títulos. “Meu primeiro contato com o esporte foi há uns 3 anos. Tudo começou como uma brincadeira num tapete de crochê, no qual meu tio colocava meus primos e eu para fazer posições de jiu-jítsu. Nessa brincadeira, hoje tenho títulos mundiais, Norte Nordeste, Piauiense, Teresinense e vários outros”, comenta.
Além do jiujitsu, Jeferson assegura que vai buscar títulos para o wrestling piauiense. Ele já está dedicando esforços aos preparativos para os jogos escolares do próximo ano, e promete focar nos treinos. “Meu objetivo é representar o Brasil pelo mundo a fora, e se depender do meu esforço e dedicação eu vou conseguir” assegura o jovem atleta.
Incentivo
A trajetória dos jovens atletas e os frutos colhidos por eles já evidenciam a importância de investir e incentivar oportunidades esportivas desde a infância e adolescência nas escolas, ressaltando como esse apoio é crucial para moldar o futuro atlético do Piauí. O estado, juntamente com o governo, devem contribuir para fomentar o desenvolvimento esportivo, não apenas como uma atividade física, mas como uma via para o crescimento pessoal e a formação de atletas de alta performace. Essas oportunidades não só beneficiam o indivíduo em sua jornada esportiva, mas também contribuem para o prestígio do estado no cenário nacional e internacional. Ao longo da vida, desde a escola até a carreira adulta, o apoio dos poderes é essencial para garantir que o potencial atlético seja nutrido e expandido. Isso não apenas impulsiona o desempenho esportivo, mas também promove um estado longe da marginalidade e cada vez mais próximo dos pódios mundiais. Assim, ao investir nas futuras gerações de atletas e proporcionar uma infraestrutura sólida para o desenvolvimento esportivo, o Piauí está não apenas cultivando talentos locais, mas também construindo uma reputação que pode levar o estado ao topo do mundo esportivo.
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