Em um pequeno trecho do anel viário da cidade de Canto do Buriti, surgiu uma polêmica. Ou melhor, uma ciclofaixa. Nesta quinta-feira (3), essa estreita faixa exclusiva para ciclistas, construída entre duas pistas de alta velocidade, chamou a atenção de todo o país e sua fama se espalhou por uma extensão maior do que a desse trecho perigoso.
A ciclofaixa em questão está situada entre as rodovias PI-140 e PI-141 e faz parte do anel viário de Canto do Buriti, que está em obras e atualmente possui cerca de 4,2 km de extensão, de um total planejado de 10,89 km. Ela se tornou amplamente conhecida em todo o país devido à sua posição arriscada, localizada no meio de duas pistas de alta velocidade e sem barreiras de proteção. Sim, tinha uma ciclofaixa no meio do caminho. O vídeo ganhou visibilidade nas redes sociais e levantou preocupações sobre a segurança dos ciclistas devido à exposição ao risco de atropelamentos, levando os internautas a apelidarem esse trecho de “ciclofaixa da morte instantânea”.
Em resposta à polêmica e para evitar possíveis acidentes, o Governo do Piauí optou por apagar a ciclofaixa e, em nota, explicou que ajustes estão sendo realizados no projeto básico para garantir a segurança dos usuários. Uma das mudanças planejadas é o deslocamento da ciclofaixa para a margem esquerda, que deve ser realizado nos próximos dias.
Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí (DER), o valor total da Implantação e Pavimentação em Tratamento Superficial Duplo (TSD) do Contorno Rodoviário da cidade de Canto do Buriti é de R$ 5.823.077,08. Além do dinheiro gasto com o erro na construção da ciclofaixa, a falta de planejamento adequado e a localização perigosa poderiam representar uma ameaça real à vida dos ciclistas.
Rota de risco
A situação levantou debates sobre a necessidade de planejamento adequado e investimentos em infraestrutura segura para os ciclistas, considerando a expansão da mobilidade urbana e o estímulo ao uso de bicicletas como meio de transporte sustentável. A ciclista Andressa Sipaúba começou a praticar ciclismo em 2019 como uma forma de se
conectar com a natureza e experimentar a sensação de liberdade que o pedal proporciona. Ela conta que, desde que começou a praticar a modalidade, aprendeu a valorizar e respeitar mais os espaços, tanto os seus quanto os dos outros. No entanto, lamenta que nem sempre os condutores respeitam os espaços destinados a prática do ciclismo. “Presencio quase diariamente o desrespeito dos condutores quando passo por algum trecho que tenha ciclovia. Como na verdade em Teresina quase não tem, a saída é conservar à direita da pista. Mas na Raul Lopes e Marechal sempre tem veículos invadindo as ciclovias, principalmente motos. É muito caótico, principalmente em horários de pico”.
Ao descobrir pelos vídeos compartilhados nas redes sociais a existência da “ciclofaixa da morte instantânea”, Andressa comenta que jamais se arriscaria a pedalar no espaço. “Nunca tinha presenciado uma ciclofaixa daquele tipo e é totalmente sem sentido, porque se as pessoas que estão nos acostamentos não são respeitadas, avalie aquelas. É muito perigoso por pura falta de respeito dos motoristas mesmo. Alguns fazem questão de passar muito perto da gente” alerta.
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