O Vacinômetro registrou um crescimento 6,06% na campanha de imunização contra a Covid-19 em Teresina, durante o último fim de semana (de 4 a 8 de junho). O aumento demonstra avanço na campanha de imunização, mas acontece somente após cinco meses do início da imunização na cidade que, até então, registrava a aplicação média de 5475 doses/dia, de acordo com levantamento do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da UFA.
Até o momento, 24,94% da população foi vacinada com pelo menos uma dose das vacinas: Astrazeneca, CoronaVac e Pfizer. O percentual ainda é considerado inferior ao necessário para interromper a circulação do vírus, cerca de 60% a 70% da população. Entretanto, o governo do estado estima o cumprimento desta meta até outubro.
“Nós queremos, no Piauí, vacinar todas as pessoas com mais de 18 anos até outubro”, afirmou o governador Wellington Dias em suas redes sociais. “O objetivo é garantir a vacinação de quem tem de 55 anos a 59 anos, de pessoas com comorbidades, garantir os grupos especiais e também as categorias profissionais”, destacou, apontando a ampliação da vacinação e a liberação de mais doses.
A passos lentos
A pouca celeridade na campanha de vacinação é atribuída ao atraso do Brasil na aquisição de vacinas – fato que está sendo debatido na CPI da Covid-19, no Senado. A circunstância facilitou o surgimento de novas cepas, como é o caso da variação brasileira, chamada P1 (Gama). “Estamos em uma corrida entre o processo de vacinação e as variantes, e quem está ganhando neste momento são as variantes”, explica Bruno Guedes, microbiologista e coordenador do Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados da UFPI. “O material genético do Sars-Cov-2 é instável, o que facilita as mutações. Elas acontecem todo o tempo, mas algumas fazem com que o vírus seja mais transmissível, como é o caso da P1”, completou. A maior parte dos vírus circulantes no Piauí hoje pertencem a esta variante, e as vacinas produzidas até o momento atuam no limite da imunidade contra ela.
Bruno Guedes aponta que toda a população segue em risco. “O ideal é que todos sejam vacinados, mas, como não temos vacinas suficientes, o que prevalece é o plano de vacinação por prioridade de risco”, explica. “Ou seja: a priorização daqueles que têm maior tendência de vir a óbito do que outras pessoas”. A prioridade considera fatores como idade, comorbidades e exposição ao vírus, detalhados no Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19 do Ministério da Saúde.
Mudança de plano
A ordem foi definida pelo Ministério da Saúde, mas, com o decorrer dos meses, União, estados e municípios reorganizaram algumas das prioridades através de resoluções da Comissão Intergestora Tripartite. No Piauí, a alteração da ordem de vacinação se deu com o avanço de categorias também prioritárias, caso dos professores (18º colocação) e agentes aeroportuários (23º colocação), em detrimento parcial da categoria da 17º colocação, composta por funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade que, de acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinpoljuspi), já avançava entre os agentes, mas não entre os detentos.
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O Plano de Vacinação contra a Covid-19 aponta que o grupo da população privada de liberdade está mais suscetível a doenças infectocontagiosas, devido às más condições de habitação e circulação restrita, que possibilitam a ocorrência de surtos. Inversão que tem previsão anunciada pela Secretaria de Saúde (SESAPI) .
Outra mudança de rota no curso do plano foi o anúncio da inserção de outras categorias, como os profissionais da imprensa, que foram considerados essenciais e prioritários a partir da aprovação, por unanimidade, do projeto de lei do deputado Júlio Arcoverde (PP), em 1º de junho.
Esses pontos podem ter contribuído para outro problema, como aponta o Conselho Nacional dos Presidentes dos Tribunais de Contas da União (CNPTC), que encontrou falhas em cinco planos municipais de vacinação do estado, o que foi ressaltado no relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre os fura-filas.
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