sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O perigo está ao lado

“Se a variante entrar no Piauí, o grau de infecção e transmissão será grande", alertam especialistas

06 de agosto de 2021

A nova variante do coronavírus, Delta, que foi descoberta em outubro do ano passado, não se restringiu somente à Índia. Hoje, ela é a principal fonte de preocupação devido ao percurso delicado que a pandemia anda tomando no mundo, chegando a um percentual de 30% a 60% maior de capacidade de infecção das células humanas. O Brasil, segundo dados reunidos até a última terça-feira (3) pelo Ministério da Saúde, já soma ao menos 287 casos de infectados e 21 mortes.  

Antes chamada B.1.617.2, a nova cepa é mais transmissível que outras versões do vírus, como Alpha (encontrada primeiro no Reino Unido), Beta (África do Sul) e Gamma (Brasil). Devido a alta preocupação,  países que afrouxaram suas medidas de restrições estão voltando atrás em suas decisões. Um exemplo é Israel que, depois de permitir que a população deixasse de usar máscaras, retomou a obrigatoriedade da utilização em locais fechados ou onde houvesse aglomerações.

No Rio de Janeiro, a variante já corresponde a quase metade dos casos de Covid-19, de acordo com estudo da Secretaria Estadual de Saúde do Rio (SES-RJ) – os dados apontam que 45% das amostras possuíam a nova cepa. Ela é fonte de uma onda de infecções nos Estados Unidos e países do continente asiático, como China e Indonésia. Já no Reino Unido, corresponde a 90% dos novos casos.

O Piauí, até hoje, não possui nenhum caso confirmado da nova variante. A atual coordenadora de epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde, a Sesapi, Maria Amélia Oliveira, não descarta a possibilidade de acontecer aqui o que está ocorrendo no Rio de Janeiro: “Se a variante entrar no Piauí, o grau de infecção e transmissão será grande, não temos como evitar”.

Ela afirma que o estado já trabalha com a possibilidade de um controle diário dos casos da doença, pois possui uma ação de sequenciamento do vírus para análise. No entanto, para a nova variante, somente casos extremos são analisados. “Realizamos um monitoramento através de casos que evoluíram para óbito e, também, casos de UTI”, enfatiza.

No estado já existem casos da variante P1/Gamma (detectada em Manaus), variante P2/Zeta e N9 (Reino Unido). Isso ocorre devido ao fluxo migratório ao qual o Piauí é exposto, visto que pessoas possuem uma livre circulação, de estado para estado – como é o caso do vizinho Maranhão, que já apresenta quadro da nova variante.

Embora as vacinas estejam presentes no estado, colaborando para a redução de óbitos, para a especialista, hoje, não se pode  mais impedir a abertura do comércio – as ações devem estar voltadas no sentido de lembrar a responsabilidade coletiva de proteção, evitando aglomerações. “A preocupação é continuar a fazer as mesmas medidas que já fazemos, com os equipamentos de proteção individual”.

A Delta apresenta sintomas já conhecidos como dores de cabeça e de garganta, coriza, febre e mal estar. É possível também que as pessoas que contraírem o vírus apresentem outros sintomas como diarréia, diferente das variantes iniciais. A única maneira de confirmar o diagnóstico é através do teste de verificação, que é realizado por meio da coleta do material genético, na garganta ou no nariz. 

Especialista divergem sobre a afirmação de que ela causa casos mais críticos ou é mais letal, embora as primeiras evidências sugiram que sim. Em uma matéria para o G1, a imunologista da USP, Ester Sabino, explica que, por enquanto, a única certeza é de que a variante é potencialmente mais transmissível: “Ainda não conseguimos definir exatamente quão mais grave é. Isso vem desde a Alpha”.

Na última terça-feira (3), o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante um encontro no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, pediu que os brasileiros não deixassem de tomar a vacina. É um movimento contrário ao que o Governo Federal vinha tomando até agora, de negação as evidências científicas. Na ocasião, ele afirmou: “Aproveito para lembrar às pessoas que não tomaram a segunda dose, que voltem às Unidades Básicas de Saúde. Para ter proteção é necessário tomar as duas doses”.

Estados brasileiros que possuem casos da variante Delta:

  • Ceará – 4
  • Distrito Federal – 54
  • Goiás – 5
  • Maranhão – 7 (sendo seis identificadas no navio que esteve no Estado)
  • Minas Gerais – 4
  • Paraná – 29
  • Pernambuco – 3
  • Rio de Janeiro – 101
  • Rio Grande do Sul – 45
  • Santa Catarina – 8
  • São Paulo – 27
  • Para – 1
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Categorias: Reportagem

Joseph Oliveira

Graduando em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

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