Airton começou a comprar pela internet bem antes do isolamento obrigatório por conta da Covid-19 transformar as compras online em um hábito cotidiano. Desde 2010, quando a experiência de compra e venda pela internet não era tão experimentada por grande parte da população – seja por receio ou insegurança – em Teresina, o técnico em informática comprava de material de trabalho a itens de lazer.
Se antes, para a maioria dos familiares e amigos de Airton, era difícil realizar uma compra online, hoje, o jovem chega a orientar e incentivar a entrada dos conhecidos no novo mercado. Neste ano, a rápida mudança de consumo provocou um recorde de compradores de primeira viagem. Apenas no primeiro semestre, cerca de 7,3 milhões de pessoas realizaram alguma compra online pela primeira vez, segundo os relatórios Nielsen Webshoppers e NeoTrust. O número representa o dobro da população piauiense.
O perfil de novos consumidores têm seguido uma constante evolução. Em 2020, o e-commerce fechou com 29% consumidores a mais. Ainda dentro do estudo, foi comprovado que, após a primeira compra, 83% dos novos compradores declaram que voltariam a fazer compras online. Entre os maiores fatores de retorno para as lojas onlines estão as possibilidades de frete. Atualmente, cerca de 50% dos produtos encontrados na internet possuem frete gratuito – em 2020, era apenas 39%.
A tendência do e-commerce tem crescido em praticamente todas as regiões brasileiras. Porém, no Nordeste houve um aumento maior no número de vendas. O crescimento representa quase 101% nos últimos dois anos na região. Em todo o Brasil, observa-se um crescimento médio de 41%. O faturamento, entre 2020 e 2019, chega a alcançar 87,4 bilhões de reais.
Os resultados positivos do comércio eletrônico também apontam uma nova remodelação do consumo entre os brasileiros. No Brasil, segundo levantamento do E-Commerce Report, a empresa Shopee foi a que apresentou maior taxa de crescimento entre as empresas da categoria – o alcance chega a 1.954% em relação a 2020. A plataforma asiática vem despontando no mercado pelo seu preço baixo e pela variedade de produtos nos mais diversificados segmentos.
Entre as categorias que mais cresceram no último ano estão ainda a de pets, casa e móveis, farmácias e saúde e por fim, moda e acessórios.
Outro potencializador que proporciona a força do mercado online são as datas comemorativas. Isso porque, principalmente durante o primeiro ano da pandemia, quando o isolamento social estava mais rígido, as lojas fechadas levaram a população ao comércio eletrônico. Ao todo, segundo os relatórios da Nielsen Webshoppers e NeoTrust, 34% do faturamento do e-commerce é proveniente dessas datas.
Em destaque, Dia dos Namorados é o campeão de vendas, representando 91% de maior crescimento. Na sequência, o Dia das Mães – segunda data que mais possui entrada de novos consumidores (64%). No entanto, não foi nenhuma dessas datas que levou a aposentada Maria do Carmo Gomes, 71 anos, a comprar pela internet. Por ser do grupo de risco, no ano passado ela precisou ficar em casa isolada o máximo possível dos filhos e netos.
O Dia das Crianças foi solitário na casa onde tradicionalmente recebia os 12 netos para trocar os presentes. Para a data não passar em branco, a aposentada comprou todos os brinquedos para os netos pela internet – cada um deles recebeu em casa o seu presente. “Eu não sabia mexer direito no celular até a pandemia”, comenta. “Em casa, aprendi muito e fiz uma compra gigante”, conta sorrindo. Apesar de já ter tomado as três doses de vacina contra a Covid-19, a Maria do Carmo evita sair de casa para grandes aglomerações. “Todo mês faço umas comprinhas”, revela. “Me economiza e sinto que me resguardo mais”.
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