2022 é ano de eleição e é provável que o Brasil, mais uma vez, testemunhe um pleito pautado pelas fake news. Uma pesquisa realizada pelo Facebook no final do ano passado com usuários brasileiros, revelou que os conteúdos políticos postados na rede social são considerados a principal fonte de desinformação no país.
Entre os brasileiros ouvidos, 60% classificaram os conteúdos de mensagens políticas como os maiores vetores de fake news no Brasil. Mas a desinformação pode estar disfarçada em muitos ambientes. No início de 2020, no auge da proliferação do novo coronavírus, a Organização Mundial de Saúde teve que se preocupar em alertar a população sobre um problema paralelo: a infodemia, uma epidemia provocada por informações falsas.
Pela rede, logo espalharam-se falsas receitas de remédios, promessas de cura e muita – muita desinformação sobre as vacinas. Para se ter uma ideia, mesmo com o PNI – Programa Nacional de Imunização sendo uma referência internacional em controle de doenças, em 2020 o Brasil não atingiu nenhuma das metas de cobertura vacinal infantil, ficando em 75%. Em julho do mesmo ano, antes mesmo da vacina da Covid-19 existir, já havia uma em curso uma campanha contra, recheada de informações imprecisas, como mostrou reportagem da BBC.
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Na busca por apoiar iniciativas midiáticas que se aproximem do compromisso da checagem e apuração, a Rede Nacional de Combate à Desinformação, que surgiu como pesquisa de pós-doutoramento na Escola de Comunicação da UFRJ, em 2019, reúne hoje mais de 130 parceiros em todo o país. Agora, oestadopiaui.com alia-se ao propósito da RNCD de minimizar os prejuízos da desinformação no Brasil.
Para Ana Regina Rego, doutora em processos comunicacionais e coordenadora geral da RNCD, 2022 enfrentará uma enxurrada de desinformação. “A gente tem a previsão da migração de vários canais do youtube e vários perfis já derrubados das redes sociais para aplicativos de mensagens como o telegram, que é uma empresa de base russa que efetivamente não tem atendido aos apelos do judiciário brasileiro”, comenta. “Isso preocupa bastante, porque acaba sendo uma terra de ninguém”.
Com o histórico de campanhas de desinformação decidindo pleitos eleitorais nos últimos anos, a produção jornalística passa a ser uma aliada fundamental nessa batalha. “Nós temos que ter a humildade de reconhecer que sozinhos não conseguiremos combater tudo”, diz Ana Regina. “Mas sem o jornalismo também não é possível combater a desinformação”. As parcerias com veículos de imprensa potencializam a visibilidade do trabalho realizado em cada projeto – criando uma onda contrária ao movimento de desinformação. “Pra nós, que formamos a RNCD, é de máxima importância ter jornalistas e veículos comprometidos com a causa primeira do jornalismo – levar uma informação de qualidade para toda a sociedade”.
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