Na última sexta-feira circulou pelas redes sociais um vídeo do vice-prefeito, Robert Rios (PSB), ironizando a situação do transporte público da capital, Teresina. A greve do setor já dura mais de uma semana, prejudicando cerca de 180 mil usuários.
Ao ser indagado sobre a duração da greve no setor, o gestor usou de uma estratégia similar à do presidente Jair Bolsonaro (no auge de mortes no país pelo coronavírus o chefe de estado respondeu “eu não sou coveiro”) para se esquivar de cobranças.
“Não tenho nenhum ônibus, não sou usuário de ônibus, não sou empresário de ônibus, não sou motorista de ônibus, não sou cobrador de ônibus, não tenho nada a ver com ônibus”, aparece dizendo em vídeo gravado pelo líder comunitário Ascânio Sávio.
Antes das eleições, a municipalização do transporte público em 60 dias de mandato era uma das maiores promessas de campanha de Dr. Pessoa e seu vice, Robert Rios. Além de não cumpri-la, o gestor – mais afeito a entrevistas do que o prefeito – não perdeu oportunidades de esvaziar a discussão com falsas equivalências e informações não comprovadas.
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Elencamos cinco falas do vice-prefeito Robert Rios sobre o sistema de ônibus de Teresina, proferidas ao longo do mandato – período este em que a cidade vive uma das maiores crises do transporte público, marcada por sucessivas greves e paralisações. Relembre:
dezembro 2020
“Eles vão ter um prazo de dois meses para corrigir o sistema. Se não corrigirem, o Dr. Pessoa promete municipalizar”
Mal haviam começado as reuniões de transição de uma gestão para outra e Robert Rios fazia promessas na televisão em nome do prefeito recém-eleito, Dr. Pessoa. Em 2 de dezembro, em entrevista a TV Clube, ele criticou o transporte público de Teresina, que definiu como caótico, e prometeu dar uma solução para os problemas. O prazo era de 60 dias – já correm quase dois anos e os mesmos problemas seguem sem solução.
junho 2021
“Quando você ouvir alguém reclamando de transporte coletivo de ônibus, pode ter certeza que são pessoas que têm essa isenção do transporte”
Robert Rios, atribuiu o valor elevado da passagem de ônibus em Teresina ao benefício da gratuidade. Em meio a redução da frota e as primeiras paralisações, o vice-prefeito fez uma série de correlações falsas em uma rádio local.
“A passagem hoje está tão cara que quem compete com esses ônibus é um cara em um Gol, um cara em uma van”, afirmou, completando que “esses caras levam as pessoas aos bairros pelo mesmo valor da passagem”. Na sequência, concluiu: “Quem não consegue andar de graça nesses carros, chamados piratas, são as pessoas que têm isenção”.
julho 2021
“Um dia só, uma única van, segundo a bilhetagem, transportou mais passageiros que o metrô de São Paulo”
Ao anunciar a decisão da prefeitura de retirar o sistema de bilhetagem eletrônica do comando do Setut – Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina – o vice-prefeito Robert Rios insinuou possíveis fraudes na arrecadação das empresas. Fez diversas declarações em entrevistas, sem, no entanto, apresentar nenhuma comprovação.
agosto 2021
“Quem pode pagar uma escola, tem escola de até R$11 mil, pode pagar também seu transporte”
O fim do ano de 2021 foi marcado por sucessivas tentativas do vice-prefeito de eximir a prefeitura da responsabilidade com o transporte público municipal. Numa das ocasiões, ele argumentava sobre a necessidade de prefeitura e governo do estado dividirem os custos da meia-passagem – e a coisa sobrou também para o contribuinte.
outubro 2021
“O acordo é esse, vem ônibus de fora, empresa de fora e também serão contratados novos motoristas e novos cobradores, porque esses estão mostrando que não são patriotas com a cidade de Teresina”
Por várias vezes Robert Rios também declarou, em tom de ameaça a motoristas e cobradores de ônibus, que “caso o problema não fosse resolvido, acionaria o plano B”. Ao que tudo indica, a proposta seria contratar empresas de outros estados para assumir o transporte coletivo da capital. O vice-prefeito nunca revelou o nome dessas empresas nem tampouco deu detalhes sobre as negociações. Além disso, atribui a classe trabalhadora – motirstas, cobradores – a responsabilidade pela ineficiência de um serviço público. Os ônibus seguem parados, a população segue sem transporte e o problema segue sem vistas de alguma solução.
3 comentários
Durvalino Leal · 28 de março de 2022 às 15:45
Gostei do posicionamento equilibrado, sensato e responsável usado nas matérias. Isso engrandece o bom jornalismo.
Vilma Maria Soares Feitosa · 29 de março de 2022 às 14:22
Que o Piaui, jamais será um estado promissor. Esse vice prefeito é um patife. Agora ele diz tudo isso, que não é dono de empresa de ônibus, que não é motorista de ônibus, que não é cobrador de ônibus. Esse coitado, são explorados, levantam de madrugada. Esse vice jamais honesto o suficiente pra analisar este caso, que já perdura a dias, ninguém faz nada, há quem diga que o culpados são os idosos, que circulam gratuitamente. É patife mesmo. Os outros estados tem essa gratuidade e não vivem na miséria, como esses proprietários dr ônibus de Teresina. Tem que ter concorrência, isso sim!!!
Valdenor · 3 de abril de 2022 às 16:55
Essa administração que aí está é e vai ser de mal a pior, esses dois coitados não sabe administrar nadaaa,e mais burro os que o elegeram,