Enquanto o país apresenta diminuição em mortes violentas, no Piauí, a realidade é outra. O Estado registra alta de 8% na ocorrência de homicídios dolosos, latrocínios e lesões seguidas de morte, sendo um dos sete estados com registro de e aumento em crimes desses tipos. Os dados são referentes ainda ao primeiro trimestre de 2022, segundo dados do Monitor da Violência.
De acordo com as estatísticas criminais da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), de janeiro a março deste ano foram registrados 164 casos de mortes violentas intencionais. Já em 2021, de acordo com o Monitor da Violência, foram registrados 149 crimes desse tipo, no mesmo período. Os dados da SSP-PI referentes ao ano passado estão indisponíveis temporariamente, devido a reformulações e atualizações de dados e gráficos.
Para o cientista social e político e pesquisador em Violência e Segurança Pública, Marcondes Brito, o crescimento da violência no Piauí é multicausal, mas se deve, consideravelmente, ao plano de segurança deficiente e tardio do Estado, que conta com um baixo contingente policial, dentre outros fatores.
O Piauí foi o último estado a elaborar seu plano de segurança, iniciado no fim de 2015 e lançado em 2018. O plano apresenta um descolamento da realidade, o que impede que ações criminosas sejam percebidas e combatidas. “Se o estado não toca nas dinâmicas de crimes para combatê-las, cria-se um sistema de facilitação da vigência de grupos e práticas criminosas”, ressalta o pesquisador. “O plano de segurança deve combater as causas do crime, com incentivo à educação e ressocialização, e não apenas trabalhar com o enfrentamento de grupos criminosos”, acrescenta.
Outro fator contribuinte para o aumento de crimes de morte violenta diz respeito ao crescimento do registro de armas no Estado. É o que explica Marcondes Brito, que também é coordenador da Rede de Observatórios de Segurança Pública, núcleo Piauí. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 revelam que o número de armas de fogo do Piauí, registradas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), cresceu aproximadamente 156%, entre 2017 e 2021.
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“Se você tem mais armas de fogo e um controle ineficiente, como é o caso do Brasil, os resultados serão ruins. É o que temos vivido no Piauí e o que nos mostra o caso recente de uma briga com arma de fogo, que resultou na morte de dois vizinhos”, destaca o cientista.
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