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Auxílio ou cilada?

Mais de 500 mil piauienses começam a receber o Auxílio Brasil; benefício é visto como medida eleitoreira

11 de agosto de 2022
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Edição Luana Sena

Na última terça (9), começou o pagamento da parcela de agosto do Auxílio Brasil. Criado para substituir o Bolsa Família, o benefício deve chegar a mais de 20 milhões de pessoas. A Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SASC) confirmou o dado de que mais de 550 mil piauienses receberão o auxílio – contudo, o valor é criticado por ser insuficiente e a medida não apresenta garantia de continuidade.

“Há muita incerteza sobre a manutenção desse auxílio a médio e longo prazo”, afirma o professor e cientista político Vitor Sandes. “Não se sabe até que momento o benefício será pago aos brasileiros”. 

Outra problemática sobre o Auxílio Brasil, apontada por analistas políticos, está relacionada ao período em que o benefício começou a ser pago – e ao aumento de 200 reais no valor. Os brasileiros beneficiados receberão pelo menos R$ 600 neste mês, mas o acréscimo é válido apenas entre agosto e dezembro de 2022.  Roberto Oliveira, coordenador de Programas Sociais da SASC, comenta que o auxílio é importante para as famílias com necessidades. “Mas lamentamos que esse benefício só tenha chegado agora”, pontua.

O início do pagamento coincide com a reta final da campanha eleitoral e, por isso, pode ser apontada como uma medida eleitoreira adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição. Mesmo que os recursos sejam da União, o cientista político afirma que o pagamento do benefício tende a favorecer o atual presidente, por se tratar de uma medida executada pelo atual Governo Federal. “Apresenta característica eleitoreira, sobretudo, porque ela não estava prevista inicialmente no planejamento do governo”, ressalta Vitor Sandes. 

Leia mais: Lula no Piauí

Durante sua visita ao Piauí, Lula (PT) fez ressalvas ao aumento e pagamento do auxílio no atual contexto, em alerta aos piauienses. O candidato à presidência ressaltou que os brasileiros devem se apropriar do benefício, que é urgente, mas que a resposta a Bolsonaro deve ser dada nas urnas.

Insuficiente

Além dos pontos negativos apontados, uma pesquisa recente do Datafolha revela que 56% dos beneficiários do Auxílio Brasil consideram o valor insuficiente. Vitor Sandes explica porque isso acontece. “Dada a situação econômica do país, a inflação tem corroído uma parte desses ganhos”, observa. “Logo, os valores já começam defasados”.

Do benefício ao endividamento

Em meio à realidade onde 75% dos brasileiros encontram-se endividados, beneficiários do Auxílio Brasil correm o risco de perder o benefício por realizarem empréstimos consignados. O coordenador da SASC, Roberto Oliveira, comenta o que chama de “assédio” por parte de empresas financeiras, que veem nos beneficiários um alvo fácil. “Agora, a margem consignável sofreu aumento, passando de 35% a 40%”, explica. “Isso significa que a margem de endividamento foi ampliada”.

Roberto chama atenção para a vulnerabilidade econômica e alimentar de muitas famílias brasileiras e ressalta que muitas pessoas, por confiarem no pagamento contínuo do benefício, podem se comprometer financeiramente e ficarem endividadas. “Uma pessoa pode receber um empréstimo de aproximadamente 2 mil reais e posteriormente ter que arcar com parcelas mensais acima de R$ 160, por dois anos”, exemplifica.

Auxílio Gás e Voucher para Caminhoneiros

O Auxílio Gás e o Auxílio para Caminhoneiros também começaram a ser pagos na última terça (9). O primeiro é no valor de R$ 110, para 5,6 milhões de famílias. O segundo, no valor de R$ 1 mil, foi excepcionalmente de R$ 2 mil, nos meses de julho e agosto.

Além do auxílio para caminhoneiros, será oferecido o auxílio para motoristas. Contudo, esses dois tipos de benefícios são oferecidos pelo Ministério do Trabalho, e não pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou pelo Ministério da Cidadania. “Muitos caminhoneiros e motoristas de aplicativo estavam procurando os locais errados para realizarem seus cadastros e receberem o benefício”, comenta Roberto Oliveira.

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