sábado, 23 de novembro de 2024

Prefeito sem base

Republicanos, partido de Dr. Pessoa, não elege nenhum deputado federal; único candidato eleito para a Alepi ensaia possível debandada

06 de outubro de 2022

Edição Luana Sena

Depois das eleições, veio a ressaca no Palácio da Cidade. Nenhum dos candidatos a deputado federal apoiados pelo Republicanos, partido do prefeito Dr. Pessoa, conseguiu se eleger.  No dia 1° de abril as desincompatibilizações em cargos nas secretarias indicavam os futuros candidatos do prefeito. O vice-prefeito, Robert Rios (Republicanos), chegou a se afastar da gestão e se colocou na reta para candidato ao governo estadual.  A intenção era montar uma “chapa da capital” para tentar a terceira via entre Rafael Fonteles (PT) e Sílvio Mendes (União Brasil), pré-candidatos que, à época, lideravam as pesquisas de intenção de voto. Robert sequer chegou a concorrer na disputa. O jeito foi lançar os secretários: seis exonerações de cargos do primeiro escalão da administração para a corrida eleitoral de 2022.

Uma das razões para o fracasso do Republicanos nas urnas é a associação dos candidatos ao grupo político de Dr. Pessoa. A gestão tem deixado a desejar e até o prefeito já foi alvo de um processo de impeachment do Ministério Público Estadual, que tramitou na Câmara Municipal de Teresina, embora tenha sido reprovado pelos vereadores há cerca de um mês, em 6 de setembro. A iniciativa partiu do Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm), em acusação por crime de responsabilidade pelo não pagamento do piso salarial dos professores. O MP também teria apurado outras irregularidades, relacionadas ao caos no transporte público e à falta de medicamentos em hospitais.

Uma das candidatas foi a jornalista Karla Berger, que pediu exoneração da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SMPM) antes do período eleitoral. Foi um dos últimos nomes a serem lançados na corrida, contabilizando cerca de 3.909 votos na disputa federal, o que a colocou em 6º lugar entre os candidatos do Republicanos à Câmara. Outro nome feminino foi Aline Teixeira, a ex-secretária executiva da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (SEMCASPI). Ela foi exonerada em 31 de março para concorrer à Alepi junto ao Dr. Pessoa, cuja imagem aproveitou diretamente em sua campanha. Aline conseguiu alcançar 4.568 votos válidos nas urnas. 

Os dois nomes testados na recente disputa indicam uma instabilidade para continuar na gestão. Circula na Prefeitura uma possível indicação interna de Aline para a pasta anteriormente gerenciada por Karla. O prefeito parece ter gostado do desempenho dela no partido e a primeira-dama tem aprovado o nome da assistente social. Outro ponto é que Aline tem ganhado força para uma candidatura ao cargo de vereadora na capital. Na disputa municipal, em 2024, ela pode até mesmo rivalizar com o secretário Alan Cavalcante, seu antigo gestor.

Outro nome que não teve êxito foi o da deputada federal Dra. Marina Santos. Embora não fosse o nome mais apoiado na ala da gestão municipal, conseguiu obter 26.868 votos válidos – o maior quantitativo de votos do partido Republicanos. Entre os candidatos, foi a única que declarou apoio à disputa ao governo, levantando o nome de Rafael Fonteles (PT). Marina foi casada com Marcos Vinícius (Republicanos), ex-prefeito de Novo Oriente do Piauí. Na época da sua candidatura, ela foi eleita pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão), com um apoio primordial de Evaldo Gomes e da sogra, Ceiça Dias (Solidariedade), ex-prefeita de Valença.  Nessas eleições, sem o apoio de Gomes e sem a influência das prefeituras de Marcos e Ceiça, Marina teve uma caminhada difícil para sua reeleição. Nem ela, nem o ex-marido, que concorria a deputado estadual, conseguiram ter êxito. 

Na disputa, quem tinha sorrisos e abraços no Palácio da Cidade era o candidato Thiago Duarte (Republicanos). Porém, ele sequer foi o mais votado na capital, perdendo para a candidata Ana Fidelis (Republicanos). O empresário não possuía cargos na prefeitura, mas se tornou o “queridinho” da primeira-dama, do secretário de comunicação, Lucas Pereira, e até do prefeito, que chegou a dizer em evento: “Esse daqui é o cara!”. Em um dos encontros de campanha, o candidato reforçou parceria e amizade com o gestor, se referindo a ele como “líder”. O número de votos recebidos por Thiago Duarte, a partir da sua aliança com o prefeito, seria uma forma de medir o poder de influência de Pessoa na eleição. Na lista geral, o resultado das urnas indicam Thiago Duarte em 3º lugar entre  os candidatos do Republicanos, totalizando 19.035 votos. As mulheres do partido, Marina e Ana Fidelis, passaram na frente.

O único candidato do Republicanos eleito foi Jeová Alencar. O vereador sairá do seu cargo de presidente da Câmara de Teresina diretamente para a Alepi. Entre os vereadores, ele se demonstrava articulado, quando conseguiu por três vezes consecutivas chegar à presidência da casa. Sozinho, conseguiu receber 44.095 votos e não apoiou nenhum deputado federal do partido. Explicitamente, ficou ao lado de Jadyel da Jupi (PV). Enquanto ele comemora, Dr. Pessoa, por outro lado, tem motivos para se preocupar com as eleições municipais em 2024. Isso porque, ao que tudo indica, o candidato ensaia debandada no cenário municipal. Circula nos bastidores que o jogo de cintura de Alencar pretende ser lançado como nome para a prefeitura, em 2024.

A previsão foi feita pelo próprio prefeito da capital ainda em agosto, durante a campanha de Jeová. Dr. Pessoa foi sugestivo em suas palavras sobre o então candidato, agora eleito deputado estadual: “[Ele] estava aqui no chão que Deus nos deu. Primeiro degrau, vereador; segundo degrau, deputado; terceiro degrau: prefeito”, disse o gestor subindo batentes se referindo à progressão política de Jeová. Ainda nesta quinta (6), o deputado eleito negou qualquer pretensão à cadeira no Palácio da Cidade. Confirma que Dr. Pessoa é quem busca uma reeleição e tem seu apoio. E espanta ser qualquer ameaça: “É natural que se tenha as especulações”, explicou. Porém articuladores políticos entre a Alepi e a Câmara afirmam: “Jeová não dá ponto sem nó, resta esperar”. 

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