domingo, 24 de novembro de 2024

Em dois anos de pandemia, métodos ineficazes continuam sendo usados em locais públicos

Uso de máscara também caiu e não-retorno à segunda dose já alcança 200 mil piauienses

24 de novembro de 2021

Edição Luana Sena

Maria Auxiliadora já se acostumou a ir ao shopping, mercado, padarias e lojas e parar ritualmente para ter sua temperatura medida por um termômetro digital. Em quase dois anos de pandemia da Covid-19, ela não se lembra de ter sido impedida de entrar nos locais nenhuma vez – nem mesmo quando o medidor apontou 39°C.

“No momento em que isso aconteceu, a pessoa responsável nem estava olhando para o visor. Eu que reparei e alertei”, relata. “Virou uma função automática e sem utilidade”, comenta. Ela acredita que, no dia da testagem, o medidor estava com defeito, e continuou sendo utilizado com os clientes que entravam e saiam do local de compras.

Na escola onde estudam seus dois filhos há o uso de tapete sanitizante e medição de temperatura na entrada – além de escolas, a medida também é usada em empresas e repartições. No colégio, houve episódios em que turmas foram suspensas por conta do diagnóstico de Covid-19 de algum estudante. Porém, ela nunca teve conhecimento se de fato algum aluno voltou para casa por conta da temperatura ou pelo não uso do tapete.

O infectologista José Noronha explica que ambos os métodos não são eficazes contra à Covid-19, mas que ainda são utilizados pela maioria dos locais onde circulam um grande número de pessoas. Isso porque a febre não costuma ser um dos sintomas que mais afetam os acometidos pela doença – além do fato do aparelho não ser utilizado da forma correta para aferir a temperatura corporal. 

O medidor digital realiza a testagem por indução e deve ser aferido na região da testa – mas geralmente se aplica no braço ou pulso. “Sintomas como falta de paladar, olfato, coriza, são mais evidentes em pessoas que são infectadas pelo vírus”, frisa. “Pessoas que apresentam febre comumente não se locomovem para locais públicos por conta do cansaço”, destaca.

José também explica que, durante o início da pandemia, não se tinha precisão do alcance da disseminação do vírus no contato por superfícies. Por isso, o tapete era considerado um método de prevenção adequado. Com o passar dos meses, notou-se que a circulação do vírus é muito mais propensa às partículas suspensas no ar. 

O infectologista reforça que as medidas comprovadas e totalmente eficazes são o distanciamento das pessoas, a higienização das mãos com álcool em gel e o uso de máscaras faciais. Paradoxalmente, apesar de mais simples, são os métodos que as pessoas têm mais relutância em adotar, avalia o especialista.

“Nesta altura da pandemia, por exemplo, ainda temos pessoas que não usam a máscara e que não tem o compromisso de fazer seu uso em locais públicos, ou não usa direito”, analisa o médico. Outro ponto preocupante para o médico é o não retorno à segunda dose da vacina contra à Covid-19. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (Sesapi), quase 200 mil pessoas em todo o estado não compareceram para a aplicação da segunda dose do imunizante – vale lembrar que o esquema vacinal só está completo ao serem aplicadas as duas doses, exceto para aqueles que tomaram a vacina de dose única da  Janssen.  Quanto menos pessoas vacinadas, maior o alcance do vírus. “São as pessoas que carregam o vírus, portanto, quanto menos pessoas estiverem completamente imunizadas, mais demorada será a campanha de combate ao vírus”, finaliza Noronha.

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1 comentário

Bruno Guedes Alcoforado Aguiar · 24 de novembro de 2021 às 21:30

Muito bom!

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