A forma de planejarmos a cidade sempre foi um reflexo das mudanças culturais, tecnológicas, econômicas e sociais, até mesmo em momentos de crise. A pandemia da Covid-19, por exemplo, veio impondo mudanças urgentes no modo de vida e de produção, e os seus impactos ainda estão sendo estudados. O que se pode afirmar ao certo é que a crise sanitária instalada vai deixar marcas físicas e sociais nas cidades – que podem perdurar por muitas gerações.
Com o intuito de debater a cidade, o meio ambiente, a tecnologia e a sociedade, no dia 3 de setembro tem início uma série de eventos online sobre o futuro das cidades. O evento, denominado “O futuro das cidades – uma agenda urbana mais justa e sustentável pós-pandemia” é realizado pelo professor, cientista político e ex-gestor público, Washington Bonfim, em parceria com o The Hub – primeiro hub de inovação e tecnologia do Piauí – e o site oestadodopiaui.com.
De acordo com o professor, a série de seminários busca dois objetivos: ampliar a consciência geral e estimular o conhecimento sobre os desafios que enfrentamos; e proporcionar à juventude refletir, mobilizar e criar alternativas para superação das dificuldades.
“A pandemia é apenas uma face dos enormes problemas que enfrentamos atualmente”, diz. “As desigualdades, o clima e a tecnologia, ameaçam os jovens e as gerações que não conseguirem se adaptar às profundas mudanças que já se processam em nosso dia a dia”, explica.
O evento terá 17 especialistas de todo o país, dentre eles arquitetos, economistas, sociólogos, cientistas políticos e advogados. Uma das palestrantes será a jovem embaixadora da ONU, Amanda Costa, que tem levado a discussão do clima para as periferias do país.
Outro nome é o da piauiense, Gabriela Uchôa, que atualmente trabalha em Barcelona, na ONU Habitat, e contribuirá discutindo as questões das cidades no contexto da mudança climática e os compromissos que a sociedade deve assumir para superar os problemas já existentes e que devem se agravar nas próximas décadas.
Governos municipais já discutem
Muitos governos, em nosso país, especialmente governos municipais, estão atentos a essas novas circunstâncias. Promovem políticas ambientais consequentes, participação cidadã via aplicativos, transparência e usam a ciência como meio fundamental de tomada de decisões, a partir de evidências.
Mas, para Washington Bonfim, administrações que já trazem isso como discussão, como a de Niterói, Salvador, Caruaru, Recife, Aracajú e São Paulo são apenas uma gota no oceano. “E há ainda os retrocessos, como presenciamos hoje em Teresina”, comenta. “Só a pressão da sociedade civil irá fazer ampliar esses movimentos mudancistas em nossa cidade”, avalia.
O professor acredita que as discussões propostas pela agenda dos próximos meses podem despertar, especialmente na juventude, uma compreensão mais clara desses desafios que estão por vi. “O futuro já está aqui”, diz. “Se trata de um futuro incerto, mas sobre ele temos de ter esperança e ela não pode derivar senão do conhecimento e compreensão do que está ocorrendo”, concluí.
A série de discussões terá início nesta sexta-feira (03) às 14:30h, em plataforma digital, e segue durante os meses de setembro, outubro e novembro. O evento é aberto ao público e a inscrição é gratuita, podendo ser realizada através da internet.
Faça sua inscrição clicando aqui!
1 comentário
Luan Rusvell · 31 de agosto de 2021 às 16:09
Mais um evento do tipo “futurista” que discute a cidade olhando de cima pra baixo e sem nem pensar em olhar para o passado. Washington Bonfim com ex-secretário de planejamento de Teresina foi um dos responsáveis por projetos de maior impacto na diminuição da qualidade de vida do teresinense; só pra citar 2 maiores: o sistema InThegra e o Programa Lagoas do Norte. Projetos desenvolvidos no marketing da “inovação e tecnologia” em busca da cidade futuro, que causou grandes retrocessos sócio-urbanos. A ‘smart city’ é mais um mito progressista, que jamais enxergará as 40 mil famílias que ainda vivem sem banheiro em Teresina, por exemplo.
Como morador de Teresina tenho muitas razões para desconfiar das boas intenções que escondem a arrogância técnica de quem acredita que sabe o que é melhor para as pessoas. Não acredito no desenvolvimento, luto sim pelo envolvimento, como nos diz Nego Bispo.