“Alunos com deficiência atrapalham o aprendizado dos outros”, declarou o pastor evangélico Milton Ribeiro, que atualmente comanda o Ministério da Educação no início desta semana. A frase foi citada para explicar o termo “inclusivismo”, na qual ele define quando uma criança com deficiência é incluída no ensino regular. No entanto, para a pesquisadora em educação Kelly Nascimento, a colocação representa retrocesso no reconhecimento dos direitos educacionais de inclusão das pessoas com deficiência.
Ela explica que há mais de duas décadas as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em 1996, trabalham para movimentar estados e municípios em prol da inclusão de crianças e adolescentes com deficiência dentro das escolas de todos os níveis. Apesar de ainda haver lentidão no amplo acesso de políticas públicas desse caráter à nível nacional, a fala significa erro grave e antidemocrático, explica Kelly.
Joana Darc, mãe de uma jovem e uma criança com deficiência visual, assistiu a declaração do pastor Milton pelas redes sociais com tristeza. Ela conta que nos primeiros anos da vida escolar de Maria Gabriela, na zona rural de Pimenteiras, distante 270 quilômetros de Teresina, precisou alfabetizar a filha em casa por não ter profissionais que pudessem acompanhar a menina no ensino regular durante os primeiros anos escolares. Preocupada com o ensino da filha, procurou os serviços de educação pública do município e solicitou profissionais e metodologias que pudessem atender Gabriella.
Por conta disso, as escolas do povoado Baixio que a filha estudou passaram por adequação no quadro de professores e materiais que pudessem ser acessados por ela. Neste ano, Gabriela foi aprovada em 1° lugar do curso de Direito da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e alcançou 940 pontos na redação do Enem. “Minha filha nunca atrapalhou ninguém. Pelo contrário, os alunos e a comunidade escolar aprendem com ela sobre inclusão de verdade, empatia e o significado de uma educação para todos”, afirma.
Segundo a pesquisadora Kelly, o ideal não é separar alunos em salas, mas proporcionar condições mínimas para professores e alunos nas escolas públicas e garantir que essas medidas sejam levadas para o ensino privado. “Não há impacto em segregar alunos, o verdadeiro impacto na educação é proporcionar preparo e qualificar professores e acompanhamento pedagógico”, destaca.
2 comentários
Pedro Pimentel · 19 de agosto de 2021 às 21:32
Gabriella, essa tenaz e brilhante jovem — tal este, originária do “Pé da Serra da Tribo dos Pimenteiras” — enobrece e indica aos tantos quantos têm ânimo como esperança, projeto como caminho, Amor como sentido da vida.
Pedro Pimentel · 19 de agosto de 2021 às 21:44
Gabriella, essa tenaz e brilhante jovem — tal este, originária do “Pé da Serra da Tribo dos Pimenteiras — enobrece e indica aos tantos quantos têm ânimo como esperança, projeto como caminho, Amor como sentido da vida.