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Guerra urbana

Capital piauiense é uma das 50 cidades mais violentas do mundo, aponta estudo

09 de agosto de 2022
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Edição Luana Sena

Teresina é apontada entre as 50 cidades mais violentas do mundo, ocupando a 48% posição. O dado é da última pesquisa divulgada pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal do México. O levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública ainda registra aumento na taxa de homicídios dolosos na capital piauiense: em 2020, foram assassinadas 659 pessoas, já em 2021, foram 736.

Os dados divulgados pelo Conselho mexicano consideram as taxas de homicídios de cidades com mais de 300 mil habitantes. Para chegar ao índice é contabilizado o número de homicídios a cada 100 mil habitantes. Teresina possui 871.126 habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, e registra 34,79 homicídios por 100 mil habitantes. Apesar de preocupante, o índice apresentou uma redução em relação à pesquisa de 2017, quando Teresina registrou 42 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Leia mais: Número de mortes violentas cresce no Piauí em 2022

No estudo, outras 10 cidades do Brasil são mencionadas no ranking mundial de violência.

 

Para Vilobaldo Carvalho, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Piauí (SINPOLJUSPI), o sucateamento das estruturas policiais é um dos fatores que contribuiu para o aumento da violência na cidade. “O problema é complexo e envolve uma série de fatores. Por isso, não é de fácil solução”, afirmou.

Vilobaldo também chama atenção para falha na atuação do Poder Judiciário nesse cenário. Ele destaca o que chama de ciclo vicioso de violência. “É comum um criminoso ser preso e, depois de solto, retornar à sociedade praticando crimes ainda mais graves”, exemplifica. “A sociedade sofre em meio a esse fogo cruzado”, segue dizendo. Outro ponto apontado por ele é a presença de facções criminosas no Piauí, que passou a ser visto como região estratégica para o tráfico internacional.

A sensação de impunidade, segundo Vilobaldo, também é um fator que contribuiu para aumento dos índices. “O que observamos é que há criminosos com uma ‘certeza’ de que não serão pegos pelo poder Judiciário ou pela polícia”, afirmou completando que só uma ação conjunta dos poderes, instituições e órgãos poderia trazer uma resposta eficaz e imediata ao problema da violência. “A falta dessa articulação gera na polícia uma sensação de estar ‘enxugando gelo’: ela prende, mas o Judiciário solta sem aplicar a pena adequada”, pontuou.

Leia mais: Violência no litoral revela avanço de facções e do tráfico de drogas no Piauí

Arnaldo Eugênio da Silva, especialista em segurança, também aponta alguns fatores que contribuem para o aumento da violência: a ausência de um Plano Nacional de Segurança Pública, a flexibilização da posse de armas de fogo, o aumento do tráfico de armas, além da localização geográfica estratégica para o tráfico internacional de drogas e a desvalorização dos direitos humanos.

Pouca polícia para muito crime

De acordo com o  Anuário Nacional de Segurança Pública, apenas 6.255 policiais compõem o quadro de civis para atender a demanda de todo o estado. “O quadro de policiais no Piauí é extremamente defasado e insuficiente”, aponta o presidente do SINPOLJUSPI, Vilobaldo Carvalho. “Não restam dúvidas quanto a isso”

De acordo com Vilobaldo, os concursos realizados nos últimos anos foram apenas para reposição de quadro. Somado a isso, houve casos de aposentadoria e falecimento de policiais.

E agora?

Dentre as soluções para a realidade violenta em Teresina e no Piauí, o presidente do SINPOLJUSPI cita a aplicação de políticas públicas consistentes e duradouras, tanto para prevenir a violência como para reintegrar egressos das prisões na sociedade. “Temos que buscar mecanismos que impeçam que um criminoso primário se torne um criminoso profissional”, afirmou.

Arnaldo Eugênio concorda com a observação. Ele destaca a urgência de políticas públicas que foquem na prevenção do consumo de drogas entre jovens e adolescentes, por exemplo. “Esse cuidado diminui os riscos de que nossos jovens ingressem no mundo do crime”, explica.

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