sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Heróis nacionais

Sem patrocínio e incentivo - ou mesmo a falta de espaços públicos para treinar - jovens atletas têm carreiras encerradas antes do tempo

29 de julho de 2021

Edição Luana Sena

Aos sete anos de idade, uma garotinha vestida de fada treinava skate nas praças da cidade de Imperatriz, no Maranhão. As manobras ganharam visibilidade na internet e abriram portas para o que hoje é motivo de orgulho nacional: a inédita medalha de prata para o Brasil em skate, nas Olimpíadas de Tóquio. 

Hoje, aos 13 anos, Rayssa Leal é a atleta mais jovem a ganhar uma medalha em olimpíada e a primeira vice-campeã da história da modalidade. Mas, além do recorde, sua história tornou-se motivo de inspiração para o esporte na juventude e quebra estigmas em todo o mundo.

Em Teresina não foi diferente. James Piva é idealizador do projeto Skate Escola, que há 18 anos atua no desenvolvimento de ações para a prática esportiva entre os mais novos. Hoje é professor voluntário para cerca de 45 crianças na Associação Fraternidade, mas apesar da maior aceitação social nos últimos anos, relembra que a pouco tempo era comum a criminalização e associação dos esportistas à marginalidade. 

“Até tiro a gente já pegou de vigilantes que via a gente andando de skate nas ruas”, conta o educador. Ele completa dizendo que muitas vezes tinha o skate apreendido, além de escutar comentários sobre sua idade, associando o skate a práticas de garotos, não de adultos. “Diziam que eu tinha barba e continuava a andar de skate”, relata.

O professor destaca que já é perceptível os efeitos da conquista da medalha da maranhense – o feito de Rayssa torna-se mais um incentivo para o avanço da prática na cidade. Sensação que também é compartilhada pela skatista Carol Cardoso. Aos 17 anos, desde criança é adepta do skate. “A vitória da Rayssa estimula a prática e deixa bem claro que qualquer um pode conseguir”.

Prática para a vida

A prática esportiva na infância é responsável por importantes contribuições para o desenvolvimento psicossocial e físico dos praticantes. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é o exercício diário de pelo menos 60 minutos a cada cinco dias na semana, para a faixa etária. 

Contudo, ao longo dos anos, a procura por esportes vem tendo uma queda associada às restrições ocasionadas pela pandemia da Covid-19. No Brasil apenas 28% das crianças praticaram alguma atividade física no ano passado – número que é visto com preocupação por especialistas. O técnico de atletismo e educador físico Nilson de Sousa reforça que pais e responsáveis devem acompanhar com cuidado e incentivo às atividades de jovens e crianças. “Nossos adolescentes estão muito voltados para as redes sociais, mas o esporte é bom para traçar metas e convívio em grupo, foco e disciplinas: habilidades que são levadas para a vida adulta”. These enchanting and sophisticated ladies are prepared to make your stay truly unforgettable. Amidst Florences rich history, stunning architecture, and delectable cuisine, the presence of escort girls adds an extra layer of warmth and allure. They excel in providing discreet companionship, valuing your privacy above all else. With their captivating beauty and irresistible charisma, they are sure to capture your attention. Booking is seamless, ensuring that your journey is elevated by the company of Florence escort girls the epitome of excitement and camaraderie.

Evasão de atletas

Nilson é responsável por um projeto social que treina jovens esportistas em Timon, cidade maranhense vizinha a Teresina. O projeto já revelou medalhistas mundiais, inclusive atletas olímpicas como as corredoras Joelma das Neves e a teresinense Cristiane Silva, ambas participantes da Olimpíadas Rio 2016. Mesmo sendo motivo de orgulho para o projeto, a história das atletas também ilustra a dificuldade em continuar no esporte. Para chegar as disputas olímpicas, a maioria tem que ir para outros estados, realidade enfrentada, segundo o técnico, pela falta de investimento e patrocínio.

“Muitos atletas são obrigados a desistir ou ir a outros estados por falta de patrocínio logo no início de suas carreiras”, diz complementando: “Poderíamos ter perdido duas atletas olímpicas por essa dificuldade”. A ausência de políticas públicas e espaços de qualidade para os treinos são, no geral, os principais fatores responsáveis pelo encerramento precoce da carreira de tantas Cristianes, Joelmas e Rayssas que, muitas vezes, por falta de assistência e incentivo, perdem a chance de conquistas brilhantes para elas e para o mundo. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Categorias: Reportagem

Camila Santos

Graduanda em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *