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Hora das pesquisas

Associação promove seminário internacional para integrar profissionais e pesquisadores em temática eleitoral

06 de maio de 2022

Pesquisas eleitorais, quando bem elaboradas e conduzidas com legitimidade, podem ter o poder de impactar a decisão nas urnas. Pensando nisso – e com foco na integração de academia e mercado – pesquisadores de todo o país se uniram na ABRAPEL – Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais, que acaba de surgir. 

Os associados são pessoas que trabalham com pesquisa eleitoral em vários âmbitos: de cientistas políticos a sociólogos, jornalistas, gente do mercado e membros de institutos de pesquisa, sejam elas instituições públicas ou privadas. “Gente que trabalha com pesquisa focada em partidos políticos, composição de eleições, consultores do TSE”, informa Joscimar Silva, professor do departamento de Ciência Política da UFPI e também um dos diretores da associação. “Há uma diversidade de pesquisadores em temas eleitorais em vários âmbitos e esferas, mas não tinha uma associação que organizasse isso”, comenta.

Para ele, a ABRAPEL preenche uma lacuna que havia entre as pesquisas acadêmicas e o mercado – em menos de duas semanas, mais de 200 associados se inscreveram, provando uma real demanda. A ideia é que haja uma troca de experiências, recursos e qualificação – para os dois lados, como explica Silva. “A associação pode financiar pesquisas na universidade que podem ter impacto de mercado, ou mesmo fornecer elementos que podem se tornar produtos”, diz. “Ao passo em que o próprio mercado, se beneficiando disso, pode financiar pesquisas ou desenvolvimento no âmbito acadêmico”. 

Joscimar Silva, cientista político e professor da UFPI é um dos membros da ABRAPEL (Foto: arquivo pessoal)

A iniciativa é inspirada em exemplos mundo afora que deram certo. Para o cientista político, Europa e Estados Unidos hoje integram muito bem pesquisas acadêmicas com experiências exitosas de mercado – algo que no Brasil ainda é incipiente. “A gente tem a WAPOR, por exemplo, que a cada quatro ou cinco anos consegue realizar a mesma pesquisa em mais de 100 países, então ela tem uma base de dados de comparação global”, exemplifica. “É algo desse tipo que a ABRAPEL pretende ser”. 

 

Seminário internacional

Para dar o pontapé, de 17 a 19 de maio o grupo promove o Seminário Internacional de Pesquisas Eleitorais – desafios e metodologias na democracia contemporânea. Será na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte,sede do  Opinião Pública – grupo de pesquisa coordenado pela cientista política e presidente da ABRAPEL, Mara Telles. Apesar de presencial, o seminário será transmitido pelo Youtube e redes sociais, para quem se inscrever.

Para o professor, o evento será uma oportunidade de reunir o que há de mais recente na área, com grupos de várias regiões do mundo cujas pesquisas se encontram na temática. Campos poucos conhecidos no Brasil, como a geografia eleitoral, e uso de dados das mídias sociais (big data), que estão em alta terão sua vez em mesas e palestras com gente da comunicação e institutos de pesquisas, propondo óticas e perspectivas diversas. 

A associação – cuja primeira anuidade é gratuita – e o evento são também, para o professor, uma proposta de defesa do campo. “A gente vê análises muito rasteiras, de baixa qualidade e sendo feitas por profissionais que não estão capacitados”, argumenta. “O desafio principal é a legitimidade”, segue apontando. “Uma pesquisa bem conduzida pode não só avisar qual candidato está na frente, mas subsidiar planejamento de campanhas, decisões de partidos, plano de governo e elaboração de políticas públicas”. 

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Luana Sena

Jornalista, mestra e doutoranda em comunicação na Universidade Federal da Bahia.

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