Na manhã desta terça-feira (15) os deputados estaduais Flávio Nogueira Júnior, Firmino Paulo, Oliveira Neto e a deputada Janainna Marques, junto ao deputado federal Flávio Nogueira e o ex-deputado Antônio Félix se filiaram ao Partido dos Trabalhadores. O evento aconteceu no plenarinho da Assembleia Legislativa do Piauí e contou com a presença do governador Wellington Dias, do secretário da Fazenda, Rafael Fonteles e da vice- governadora, Regina Sousa.
Para o governador Wellington Dias, a ida dos deputados ao PT se deu por causa do novo modelo estabelecido para a disputa eleitoral deste ano no lugar das coligações, as Federações Partidárias. Para ele, a vinda dos parlamentares fortalece não apenas o grupo político nas eleições estaduais, mas também reforça a representatividade da base no Legislativo.
“Temos uma regra que nos impõe decisões, a regra das eleições foi alterada e por ela é previsto que o Congresso Nacional tenha uma redução de 26 partidos”, explicou o governador petista. “Com isso, o PT e outros partidos acabam recebendo líderes para fortalecer as eleições de 2022”, acrescentou.
A vice-governadora, Regina Sousa, que deve assumir o posto de governadora até o fim deste mês, em seu discurso de boas vindas aos novos integrantes do partido, tratou de alertá-los sobre as regras do partido. “Ninguém nasce petista, torna-se, mas para isso precisa-se inicialmente entender as ideologias que o PT carrega” disse. “Seria de extrema importância aos novos filiados que lessem o estatuto que está na pasta que receberam”, finalizou Regina.
Pouca vaga para muita gente
Apesar do governador destacar que os novos integrantes do partido vêm fortalecer a chapa, um grande impasse é gerado dentro do PT sobre a quantidade de vagas – e quem irá ocupá-las – para a disputa eleitoral. De acordo com Wellington Dias, o impasse está somente na chapa de deputados estaduais, pois tem mais pré-candidatos do que vagas disponíveis.
“Temos um problema real. Conversei com o deputado Francisco Lima em relação à chapa de federal e já temos tudo resolvido”, adiantou. “Na chapa de estadual, é um bom problema: mais pretendentes do que o número de vagas que ficou limitada a 31”, explicou o governador.
Para o cientista político, Ricardo Arraes, a migração de parlamentares ao Partido dos Trabalhadores impede a renovação política e acaba gerando um descrédito nos novos quadros políticos que poderiam vir a surgir dentro do partido, concentrando o poder cada vez mais na mão de poucas pessoas.
“Essa elite política que está comandando o Piauí há séculos faz com que o estado continue ainda nos piores índices socioeconômicos”, criticou. “Praticamente todos vão tentar a reeleição e as poucas vagas que tem serão preenchidas pelos mesmos parlamentares já eleitos”, analisou. “A população fica sem ter opção de renovação política”.
Ricardo Arraes destacou também que a cada ciclo eleitoral são eleitos no Piauí 40 deputados: 30 estaduais e 10 federais. Mas, o nível de renovação dentro dessas duas bancadas a cada quatro anos é relativamente baixo, uma vez que essas cadeiras em disputas, em grande parte, já estão consolidadas nas mãos da elite política do estado.
“Nós temos deputados federais que estão já acima de cinco mandatos. Então já estão muito consolidados dentro da estrutura partidária e dentro do cenário político do estado”, comenta o cientista. “O controle excessivo na mão de determinadas lideranças termina fazendo com que muita gente simplesmente perca o interesse em disputar”, analisa.
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