quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Aprendendo com gigantes

Carlos Eduardo, o Dadinho, explanou aos estudantes sobre sua persistência para alcançar o seu sonho de construir um futuro profissional

27 de junho de 2022

Na manhã desta segunda-feira (27), os estudantes do CETI Portal da Esperança, um Centro de Educação em Tempo Integral, localizado no Bairro Aroeiras, zona leste de Teresina, conheceram de perto a história de vida do jovem quilombola Carlos Eduardo Santana, de 22 anos.

O encontro foi realizado por meio do NAU Digital, projeto que leva ensino tecnológico para escolas públicas. Na ocasião, Carlos Eduardo conversou com os estudantes que aproveitaram também para tirar dúvidas.

Estudantes do CETI Portal da Esperança assistem palestra do Dadinho (Foto: Geysa Silva)

“Dadinho”, como é conhecido, teve sua história contada pelo #ExperiênciaPiauí no ano passado, e se destacou por seu empenho em aprender sobre informática e tecnologia mesmo sem recursos suficientes, no sertão piauiense.  O jovem cresceu na Lagoa do Cipó, comunidade quilombola na zona rural do município de São Raimundo Nonato (a 600 quilômetros de Teresina).

Durante o encontro com os estudantes do NAU, Dadinho explicou sobre o seu primeiro contato com a tecnologia, quando estava prestes a iniciar no Ensino Médio. Ele então decidiu tentar uma vaga no Instituto Federal do Piauí – o IFPI, no campus de São Raimundo Nonato. 

Pedro Veras apresenta Carlos Eduardo aos estudantes do projeto NAU (Foto: Geysa Silva)

“Na comunidade onde eu vivia não tinha acesso à internet”, contou. “Meu primeiro contato aconteceu já no IFPI, nos laboratórios de lá. Estudar sempre foi uma condição imposta pela minha família, que me incentiva a focar nos estudos ou, do contrário, eu teria que pegar no cabo da enxada”, lembrou.

Após concluir o ensino médio no IFPI, Carlos Eduardo foi aprovado para o curso de Ciências da Tecnologia na Universidade Federal do Piauí (IFPI), onde segue estudando. De lá para cá ele conseguiu se destacar com a conquista de medalhas nas Olimpíadas Brasileira de Informática e chegou a conquistar medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática. 

Em 2017, foi reconhecido pela melhor pontuação na Olimpíada Brasileira de Informática de um aluno de escola pública – e os prêmios continuaram seguindo em 2018, 2019 e 2020, dando a Carlos Eduardo oportunidades de conhecer um pouco mais do Brasil em viagens para estados como Fortaleza, Bahia e Paraíba.

Dadinho conhece as instalações do laboratório do projeto NAU (Foto: Geysa Silva)

Pelos resultados obtidos, “Dadinho” ganhou bolsa de estudos em um preparatório específico para esse tipo de competição, em Fortaleza. “A partir dali, minha vida mudou pra valer”, contou.

Leia mais: Meu nome agora é cientista!

Atualmente, o jovem vive entre Teresina e Brasília – ele migrou para a capital federal em busca de mais estrutura e oportunidades para estudar e trabalhar. Inicialmente, fez estágio como engenheiro de software na VTEX, uma renomada startup brasileira.

Dadinho contou aos estudantes como construiu sua carreira profissional (Foto: Geysa Silva)

Em seguida foi convidado a trabalhar na Amazon e, atualmente, é estagiário de Engenharia de Negócios na plataforma META, que é um conglomerado de tecnologia e mídia social – com salário atual de R$ 14 mil reais.

“No começo de tudo eu tentava sobreviver com uma bolsa de 400 reais de um estágio de informática que eu consegui assim que cheguei em Teresina”, relembrou para os estudantes que ouviam atentos. “Eu contava com a ajuda da minha avó, que foi quem me criou e sempre me apoiou”, contou. “As pessoas me diziam pra eu voltar pro interior e tentar ajudar estando lá, mas hoje sabemos que tudo valeu muito a pena”. 

 

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Geysa Silva

Jornalista, consultora de marketing político e especial Experiência Piauí.

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