quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Sem ônibus em Teresina, usuários gastam 30% do salário com transporte

Falta de transporte urbano regular afeta o orçamento de estudantes e trabalhadores

19 de agosto de 2021

A crise no transporte público de Teresina, que já dura mais de um ano, parece estar longe de acabar. Sem ônibus regular devido a crise que é resultado de uma dívida da prefeitura com as empresas que prestam o serviço, questões trabalhistas e os impactos da pandemia na arrecadação das empresas, os impactos atingem diretamente quem depende do transporte diariamente para se locomover, como estudantes e trabalhadores.

Sem ônibus em circulação e com apenas uma linha de metrô que atende apenas uma das zonas da cidade no entorno urbano, a alternativa para muitos passageiros é recorrer a carros de aplicativos que abocanham hoje o mercado, como Uber, 99 e outros. 

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Em sessão realizada na Assembleia Legislativa do Piauí, no dia 5 deste mês, a deputada estadual Teresa Brito (PV) solicitou uma audiência pública para discutir o tema.Vamos fazer a audiência pública e chamar aqui representantes da Strans, da Prefeitura de Teresina, dos empresários e servidores do setor, além de usuários”, disse enquanto fez uso da palavra na tribuna. Na ocasião, ela também criticou a CPI que vem sendo realizada na Câmara Municipal de Teresina. “A CPI da Câmara parece que está servindo só para o prefeito ganhar tempo e não resolver o problema”, e complementou citando que o trabalhador que ganha o salário mínimo gasta mais de 50% da sua renda com Uber e mototáxi. “Se não for trabalhar, perde o emprego. Nunca tivemos uma situação tão ruim como agora”, finalizou.

Sem previsão de solução, os usuários do transporte na capital se sentem obrigados a optar por alternativas que, no geral, custam bem mais caro, como é o caso da cozinheira Deusa Alves, de 41 anos, que chegou a passar mal em uma parada de ônibus enquanto aguardava o transporte. Após o ocorrido, ela optou por fazer o contrato com um mototaxista. “Além da dificuldade de pegar o ônibus, quando se consegue ele vem muito lotado. Na semana passada eu passei mal na parada de ônibus, pois sou asmática e nesses pontos da Integração, que são muito quentes, não tem como ficar muito tempo. Passei a andar de moto táxi pois ficou complicado pra mim”, contou. Atualmente, Deusa gasta, em média, R$300 por mês com transporte – cerca de 30% do seu salário, valor bem acima do que gastava com passagens de ônibus. “Estou sendo obrigada, pois não vejo outra saída”, pontua.

A estudante de administração, Ana Paula Sousa, de 26 anos,  disse que a falta de transporte custou o seu emprego e que, agora, está tendo dificuldades para conseguir uma recolocação no mercado. “Fiquei desempregada a pouco tempo e acredito que um dos motivos tenha sido os meus atrasos”, lamentou. “Não tenho transporte próprio e dependo de ônibus. Agora, está sendo difícil conseguir uma recolocação, pois todas as vagas para quais me inscrevi preferem o candidato que tem um transporte”, comentou.

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