A volta para casa, após quase dois anos sem aulas presenciais na Universidade Federal do Piauí (UFPI), é um novo desafio na vida dos estudantes da instituição. No Campus Ministro Petrônio Portella, na zona Leste de Teresina, estudantes reclamaram da insegurança vivida nos setores da universidade. Nas paradas de ônibus dos Centros de Tecnologia (CT), Ciência da Educação (CCE) e Ciências Humanas e Ciência Humanas e Letras (CCHL), arrastões aconteceram pela tarde e noite durante segunda e terça-feira (21).
Ana Melo, do curso de Administração, prefere pagar mais caro com mototaxista do que ficar à mercê nas paradas de ônibus. Antes da pandemia, ela aguardava no ponto do CCHL, mas apenas ontem, quase 40 celulares e pertences pessoais dos alunos foram levados. “A gente acredita que eles se passam por calouros ou pais de alunos para se aproximar das paradas”, disse à reportagem. “Antes dos alunos correrem, conversam e anunciam o assalto”.
De acordo com o 12° Distrito Policial, alguns boletins de ocorrência foram feitos no órgão. No entanto, não há detalhes sobre a autoria dos roubos dentro das universidades. Conforme a delegacia, por se tratar de crimes em uma entidade federal, as investigações devem ficar sob responsabilidade da Polícia Federal.
Estudantes usaram as redes sociais para relatar ocorrências (Foto: reprodução da internet)
A violência esbarra no problema da locomoção dos estudantes. Os alunos relataram demora de quase duas horas para voltar para casa, além da superlotação dos veículos. Em nota, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) explicou que cinco linhas fazem a rota da instituição e que a principal é a linha 401 – Universidade. De acordo com o órgão, com a volta às aulas da UFPI, houve um aumento de 150% em comparação ao período anterior ao retorno das aulas presenciais.
Marcela Andrade, estudante de Jornalismo, tem aulas pela manhã e tarde. Na volta para casa, um dos ônibus para ir à Praça do Fripisa estava tão lotado que a aluna preferiu esperar o próximo. “E o pior era que havia muitas pessoas sem máscaras, muito contato físico, e os casos de gripe e Covid-19 voltando”, temeu a estudante.
A Strans destacou ainda que, caso seja comprovada a necessidade do aumento da frota, será determinada uma nova ordem de serviço às empresas de ônibus da capital. Entretanto, para os estudantes, a logística de mais ônibus deveria ter sido pensada antes das aulas começarem, tendo em vista o número de usuários diários do sistema urbano da cidade que circulam para a instituição. De acordo com a Central dos Estudantes (DCE), são mais de 13 mil alunos que dependem dos ônibus diariamente na capital.
Centro inseguro
A violência tem aumentado em Teresina desde o ano passado. Em 2021, a capital apresentou o maior índice dos últimos cinco anos, com 336 mortes. Os bairros Santa Maria (Zona Norte), Angelim (Sul), Centro, Pedra Mole (Leste) e Itararé (Sudeste) foram os cinco bairros com mais registros de mortes no ano.
Nesta semana, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (Republicanos), foi assaltado na última sexta-feira (17) durante a procissão de Corpus Christi, no Centro de Teresina. Os suspeitos levaram uma quantia de R$1 mil e depois deixaram a bolsa com os documentos na residência do arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito. O prefeito declarou, para repórteres no local, que se tratava de alguém em situação de vulnerabilidade e que estaria disposto a empregá-lo na prefeitura, caso revelasse sua identidade.
Na manhã desta quarta-feira (22), uma perseguição policial terminou em troca de tiros na frente do Palácio da Cidade. Dois homens suspeitos de terem praticado duas tentativas de homicídio na cidade de Timon estavam em fuga e trocaram tiros com equipes da Polícia Militar do Maranhão e do Piauí. No momento, uma manifestação dos Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserm) acontecia. Houve um tumulto e desespero dos populares que estavam, mas ninguém ficou ferido. A dupla criminosa foi presa.
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