Teônia Pereira tem sentido o preço dos alimentos subirem a cada ida ao supermercado. A disparada da comida tem pesado no orçamento da professora. Nas prateleiras, as cifras parecem não parar de aumentar – especialmente no preço da carne cujo valor tem oscilado entre R$45 a R$60 o quilo. Dessa vez, no entanto, o que assustou a mulher não foram as etiquetas com os altos preços do açougue, mas a presença de alarmes de proteção nas peças de primeira. Se antes o equipamento era utilizado em destilados como whiskys e perfumaria, agora embala um novo artigo de luxo no prato dos brasileiros: a carne bovina.
A imagem no açougue marcava dois abismos: de um lado, as carnes mais caras (de primeira) com sistema de segurança; do outro, laganhos: osso bovino, bucho e pele de frango em escassas promoções na vitrine do supermercado frequentado pela professora. “Isso reflete a crise social na qual o Brasil se afundou”, destaca Teônia.
A reportagem do oestadodopiaui.com verificou a existência dos alarmes nas carnes do supermercado, localizado no bairro dos Noivos, zona Leste de Teresina. A região é uma das mais abastadas da capital, onde reside o metro quadrado mais caro da cidade. O estabelecimento também conta com detectores de roubos nas portas e câmeras pelos corredores, mas mesmo assim, já foi alvo de furtos. Um funcionário, que não quis se identificar, explicou que o método aplicado nos produtos do frigorífico é recente, implantado há pouco mais de quatro meses. O objetivo é um só: evitar roubos.
Os altos preços da carne, pesam, sobretudo, no bolso da população de baixa renda. Uma pesquisa do Datafolha revelou que, durante a pandemia, 67% da população estava deixando de consumir carne. Por outro lado, as grandes exportações de carne registraram seu auge: em junho deste ano, as exportações de carne bovina atingiram um pico, com receita de 1,14 bilhões de dólares. Comparado a junho de 2021, o aumento foi de 36,8% (835 milhões de dólares), apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A questão da carne passa por outros problemas internos. O milho e a soja, são itens consumidos pelo boi, utilizados na engorda para serem abatidos. Esses itens também ficaram mais caros e seguiram o fluxo da importação. A alimentação do boi, junto à medicação (importada de outros países), impactaram diretamente o preço da venda por kilo. Questões ligadas ao clima, como ausência de chuvas e prolongamento da estiagem em regiões de pasto, têm tornado mais difícil o confinamento do boi.
Por essas e outras razões, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) explica que a carne bovina foi ficando cada vez mais inacessível para a população. “O produtor, diante das dificuldades, prefere vender para fora, mais caro e em dólares”, declara Patrícia Galvão, economista. “A carne de segunda vai tendo um aumento sistemático de vendas e preços devido sua procura”, explica. Real free porn movies https://exporntoons.net online porn USA, UK, AU, Europe.
Inevitavelmente, a população vai migrando para a carne de frango, suínos e embutidos – numa escala cujo último patamar é o ovo. “O chocante é que todos estes itens, com mais procura e menos oferta, vão ficando mais caros até se tornarem igualmente inacessíveis”, complementa a economista. A prova viva é Teônia, que na noite em que se deparou com os alarmes de segurança nas peças de carnes, levou frango, linguiça e apenas meio quilo de coxão mole. Os três itens custaram quase R$70 e lhe levaram boa parte do orçamento para a feira. “Isso é um retrato do Brasil de hoje”, pontuou a professora. “Carne na mesa e dinheiro no bolso tem se tornado radidade”.
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