Marcos Aurélio é usuário dos transportes por aplicativos desde 2016, quando as primeiras plataformas entraram em funcionamento em Teresina. Solicitando o serviço diariamente, ele relata que os altos preços das corridas e a pouca disponibilidade de motoristas têm prejudicado sua rotina e orçamento financeiro. “Já fiquei cerca de 40 minutos esperando um carro e desisti porque o preço não baixava”, conta o empresário.
A falta de motoristas é constatada por grande parte da população que usa os aplicativos, sobretudo nesse período em que a crise do sistema de transporte público na capital ainda é uma realidade, ocasionando o aumento da demanda. Somente nos últimos seis meses a frota de motoristas de aplicativos reduziu cerca de 20% na capital, de acordo com a Associação dos Motoristas por Aplicativo do Piauí (AMATEPI)
LEIA MAIS: Paralisações, demissões, terminais destruídos… o transporte público pede passagem para o colapso
O maior motivo para a pouca disponibilidade de motoristas de aplicativo é a gasolina, aponta Maria do Carmo Rodrigues, presidenta da AMATEPI. Teresina é a capital com a gasolina mais cara do Nordeste, com preço médio de $6,69, segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Foram checados 41 postos de combustíveis entre os dias 29 de agosto e 4 de setembro deste ano.
LEIA MAIS: Sem ônibus em Teresina, usuários gastam 30% do salário com transporte
No entanto, a falta de valorização por parte das empresas tem feito com que os motoristas desistam das plataformas. Desde que os aplicativos começaram a funcionar, Maria do Carmo cita que plataformas como 99Pop, Uber e InDrive não realizaram reajustes e tarifas para os motoristas. Desse modo, muitos preferem trabalhar durante as “dinâmicas do aplicativo” – períodos em que há muitos passageiros para poucos motoristas. A alta demanda e a pouca oferta, sobretudo nos horários de pico, fazem os preços das corridas aumentarem consideravelmente. Segundo Maria do Carmo, atuar somente nesses horários é uma estratégia de motoristas que vivem exclusivamente desse serviço.
Quantidade de motoristas circulando pode reduzir
A perspectiva é que diminua ainda mais a quantidade de motoristas circulando na capital até o final do ano. Isso porque, muitos deles se frustraram com a plataforma e migraram para outros trabalhos, principalmente aqueles que usavam carros alugados. “Se a gasolina não diminuir o preço, muito dificilmente o serviço vai circular para suprir a demanda. Mulheres, principalmente, são as profissionais que mais migram”, frisa a presidenta da AMATEPI, Maria do Carmo.
É o caso de Maria de Rosário, motorista há uma ano e meio, que ainda não largou totalmente as corridas por aplicativo, mas criou um novo empreendimento para poder pagar as contas. Ela explica que iniciou no aplicativo como uma forma de complementar a renda porém, com os aumentos constantes dos combustíveis, notou que estava ganhando muito menos do que quando iniciou nas plataformas.
Para driblar os custos, alguns aplicativos alteraram nesta semana suas tabelas de preços – o valor base de viagens teve aumento de 10% a 15% e a 99Pop em torno de 10% e 25% em mais de 20 regiões metropolitanas do país. “Os aplicativos não estão acompanhando a inflação”, analisa a motorista. “Viver só dos aplicativos não está dando para ser complemento, muito menos para tirar renda exclusiva”, finaliza Maria do Rosário.
1 comentário
Aurélio Moreira · 14 de setembro de 2021 às 10:52
Matéria esclarecedora !
Parabéns!!!