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Com quantos preconceitos se faz uma campanha?

Em corrida eleitoral, Sílvio Mendes coleciona falas preconceituosas

21 de setembro de 2022
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Edição Luana Sena

A campanha eleitoral iniciou há pouco mais de um mês e, enquanto segue, o candidato Sílvio Mendes coleciona “deslizes”. O estadodopiaui.com reuniu falas preconceituosas de Sílvio ditas nessa segunda (19), durante a entrevista de estreia do quadro do Bom Dia Piauí, da TV Clube. Trechos da entrevista tomaram fôlego nas redes sociais e, ao que parece, o candidato do União continua irredutível a assumir erros e posturas preconceituosas. 

Não é a primeira vez que ele protagoniza uma fala racista. Durante sabatina na Meio Norte, Mendes se referiu à jornalista Katya D’Angelles como “quase negra”. A fala mansa contrasta com o despreparo para falar de pautas raciais. Enquanto isso, ele segue tropeçando nas tentativas de desvinculação do bolsonarismo, do qual tenta fugir durante as entrevistas televisionadas. Para uma parcela do eleitorado piauiense, as falas do candidato do União Brasil, revelam que, caso seja eleito, o político não governará para os grupos considerados minoritários.

1 – “Eu acho tão igual. O fato de ser negro ou branco não interessa”

Segundo Sílvio Mendes, racismo não é uma pauta prioritária dentro do seu plano de governo, tampouco na sociedade. Por isso mesmo seu plano não contempla propostas de políticas públicas voltadas à população negra. Em entrevista à TV Clube ontem, foi questionado duas vezes sobre o que faria por essa minoria – não obstante à negligência de seu plano. Mendes afirmou que acha brancos e negros iguais e, por isso, não vê a necessidade de propostas voltadas especificamente à população negra do estado. “Não interessa”, disse ele ao comentar sobre as diferenças raciais.

Leia mais: O negro fora da campanha

2 – “Todo mundo sofre igual”

Ao ser cobrado pela ausência de propostas que atendam aos grupos considerados minoritários (população negras, LGBTQIA+ e mulheres), Sílvio afirma que “sofre o branco e sofre o negro”. Para ele, “não é a pele que vai definir isso ou aquilo”. Mas infelizmente define. É o que apontam os dados da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP/PI): a média mensal de casos de injúria racial em 2021, apresentou aumento – em relação a 2020 – de aproximadamente um registro. Delegacias estaduais registraram 16 casos por mês em 2020, no ano passado, o número subiu para 17 casos ao mês – totalizando 106 denúncias.

Em informativo nacional de 2019, o IBGE revela ainda a desvantagem preocupante que afeta pessoas negras, que são as que mais sofrem com analfabetismo, violência, baixa renda e falta de representação política.

Contudo, Mendes parece não se interessar em lutar contra o racismo no estado que deseja governar, onde quase 80% da população se declara negra ou parda. O próprio candidato assume que seu plano de governo foi realizado rapidamente, quando ainda nem era candidato, e que, de fato, não é completo. Mas se justifica alegando que nenhum é. Mesmo assim, para Sílvio, seu plano não é falho. A seguir você descobre o “porquê”.

3 – “Olha com quem eu ando”

Pelo menos três vezes, Sílvio Mendes disse à imprensa: “Temos até uma mulher e um negro na equipe”. A última vez – até agora – foi durante a entrevista desta segunda (19). A declaração tem sido disparada pelo candidato quando o assunto é diversidade. Racismo e gênero, no entanto, continuam a passar despercebidos pelo seu plano de governo. Na entrevista, mais uma vez o candidato se valeu dessas alianças para justificar que seu plano de governo não é falho. “Olha com quem eu ando: ando com uma mulher, Iracema […]; eu ando com o Joel”, disse durante a entrevista. Ao mesmo tempo, na tentativa de ovacionar as participações da sua chapa majoritária, Mendes faz parecer que a representatividade de Iracema e Joel Rodrigues (Progressistas) – o candidato negro ao qual Sílvio se refere – é meramente ilustrativa.

4 – “São miseráveis”

Ainda durante a entrevista, Silvio Mendes disse: “A comunidade Mimbó, lá de Amarante, que é usada politicamente pelo governo, é indecente. Eles não têm nada, são miseráveis”. A tentativa de usar sua fala para denunciar a ausência de medidas efetivas quanto às necessidades do quilombo não funcionou. O tiro saiu pela culatra. Na mesma noite, o quilombo Mimbó publicou nota de repúdio às falas do candidato. “Miserável, como o senhor sabe o significado, é algo sem valor, e o quilombo Mimbó é rico em valores”, diz a nota. A publicação ressalta ainda a indiferença de Sílvio às necessidades da população negra, especialmente das comunidades quilombolas. Para os quilombolas Mimbó, o projeto político de Sílvio Mendes ignora sua existência. 

Com aliados controversos e pouca habilidade de se comunicar com o eleitorado, Sílvio Mendes segue no pleito pelo posto de governador estadual. Até o momento, é assim que ele tem feito sua campanha.

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Categorias: Reportagem

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