segunda-feira, 20 de maio de 2024

De 30 deputados estaduais, apenas três compareceram em sessão sobre direitos LGBT

Episódio se repetiu na Câmara dos Vereadores com apenas dois vereadores em sessão do mesmo cunho

26 de maio de 2022

Edição Luana Sena

Não foi surpresa alguma para Marinalva Barbosa, representante do Grupo Matizes – grupo que atua há 20 anos na defesa dos direitos LGBT’s no Piauí – quando encontrou o plenário da Assembleia Legislativa (Alepi), mais uma vez, sem deputados. Anualmente, o grupo sugere uma sessão em homenagem ao Dia da Luta Contra LGBTfobia, comemorado ao longo do mês de maio. A ideia é fazer homenagens e propor pautas para a comunidade no Estado – mas nesta terça-feira (24), sem a presença de parlamentares, a sessão se restringiu as homenagens para representantes da comunidades e reclamações pela falta de reconhecimento do legislativo acerca da comunidade. 

Durante toda a solenidade, dos 30 deputados, apenas três estiveram presentes. Entre eles, o autor da proposta, Fábio Novo (PT), o deputado Franzé (PT) e Flávio Nogueira Júnior (PT). Wilson Brandão (PT) também apareceu, mas chegou atrasado na sessão. Marinalva conta que apenas um deputado fez questão de ligar para o grupo e explicar a ausência. 

Até o momento, o grupo não recebeu nenhuma outra explicação formal e interpretou esse silêncio como um ato de desrespeito. “A ideia era que fôssemos falar de direitos, mas tivemos que voltar para o básico e se indignar com a forma com que os nossos representantes nos tratam”, destaca a militante. 

Poucos dias antes, na Câmara dos Vereadores de Teresina, a vereadora Pollyana Rocha (PV) propôs uma audiência pública que debateu o combate à LGBTFobia na capital, mas apenas o deputado Venâncio Cardoso (PP) esteva presente. Há pouco menos de 10 anos, em 2012, Teresina era a capital mais homofóbica do Brasil, segundo relatório sobre violência no país. A representante do Matizes acredita que, nas duas ocasiões, não trata-se de coincidência, mas desinteresse e desrespeito. 

Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em Teresina, 2,6% das pessoas se declararam homossexuais ou bissexuais –  o que representa 18 mil pessoas. Cerca de 4,8% da população teresinense se recusou a responder – ou não sabia, taxa que equivale a 32 mil pessoas. No Piauí, os dados apontaram que a proporção de pessoas adultas que se declararam homossexuais ou bissexuais foi de 1,7%, o que equivale a 42 mil pessoas.

Esse contingente de pessoas, no entanto, passa despercebido pelas pautas do legislativo piauiense e da capital. A prática, anualmente reiterada, revela a falta de compromisso dos parlamentares com as pautas de direitos humanos. “Estávamos em uma sessão de LGBTfobia e sofremos mais uma violência”, declara Marinalva. “Essa prática é reiterada. O recorde de parlamentares que apareceram nas nossas pautas, realizadas nas casas deles, foram seis”, pontua.

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