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Inovação ao alcance

Piauí tem o maior índice de investimento em Ciência e Tecnologia do Nordeste, mas ainda tem baixa taxa de inovação

18 de janeiro de 2023
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Edição Luana Sena

O Piauí é o estado com o maior índice de Investimento Público em Ciência e Tecnologia (C&T) no Nordeste, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). No ranking nacional, o estado é classificado em 4º lugar, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O levantamento realça a importância do poder público como financiador de investimentos em inovação, seja para estimular o desenvolvimento do setor privado ou atrair novos atores.

O índice de investimento público nesta área considera variáveis como despesas em pesquisas que englobam, além do desenvolvimento científico e tecnológico, engenharia e difusão do conhecimento, e despesas em atividades correlatas de Ciência e Tecnologia entre a despesa total do estado.

Destinar recursos para Ciência e Tecnologia é fundamental para que modelos de negócio inovadores como startups, por exemplo, possam se desenvolver. Inovação costuma envolver um grau elevado de incertezas quanto ao resultado, além de ter um custo de investimento. Ciência e Tecnologia, nesse contexto, funcionam como catalisadores do desenvolvimento no setor privado.

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Em 2021 foi sancionada a Lei nº 7.511 que dispõe sobre medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo no Piauí. O objetivo é favorecer a autonomia tecnológica e o desenvolvimento industrial no estado. Segundo Ciro Sá, diretor de Ciência e Tecnologia da Fapepi (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Piauí), a lei é uma iniciativa importante que deve ser adotada também nos municípios piauienses – como Teresina e outros que são polos de desenvolvimento – por meio do alinhamento entre as prefeituras e os órgãos estaduais.

Desde 2019 a Fapepi atua como um dos atores responsáveis por apoiar o setor empresarial no ramo da inovação, incluindo startups. Além disso, e em parceria com o poder estadual, a Fundação tem apoiado o investimento no setor de inovação por meio da oferta de bolsas de pós-graduação (no mestrado, doutorado e pós-doutorado), para o desenvolvimento de pesquisas em universidades públicas e privadas.

Raphael Tataia é founder da startup Hausen, uma plataforma que auxilia gestores de condomínio. No Piauí, ele é mais uma das pessoas que conhecem as dificuldades de empreender e, muito além disso, de inovar. A ideia começou com investimento dos próprios idealizadores e, no último ano, passou a contar com o incentivo de bolsas do Sebrae, com o programa Startup Nordeste. Atualmente, a Hausen concorre a um edital do programa Centelha, que vai ofertar bolsas para 66 startups.

Mesmo sem ter recebido investimento do setor público, Raphael observa a importância desse tipo de incentivo para quem quer empreender, principalmente para pessoas de baixa renda. “Quando o governo investe nisso, há uma popularização da inovação”, destaca. “O investimento público ajuda empresas em fase inicial ou empreendedores que possuem uma ideia inovadora, mas que não têm verba de financiamento”, conclui.

Além de favorecer a competitividade entre as empresas, o investimento público na área de tecnologia e ciência pode aproximar economias em desenvolvimento, como o Brasil, da fronteira tecnológica de países líderes no mercado global. O resultado desse processo é mais geração de riqueza interna e crescimento econômico local.

Investimento x inovação

Mesmo com um dos melhores índices de investimento no setor tecnológico e científico, a FIEC aponta que o Piauí está na 9ª posição no Nordeste na taxa de inovação – e na 25ª no país. Segundo o diretor e professor Ciro Sá, essa disparidade se deve à baixa integração entre o setor público, o privado e o terceiro setor. “É importante que haja ecossistemas de inovação”, disse à reportagem. “Os órgãos governamentais não são os únicos responsáveis”.

Para Raphael, essa disparidade se deve também a um problema crônico no país: a falta de fiscalização e manutenção. “Mesmo com muito investimento, as ideias podem não se desenvolver por falta de conhecimento de gestão e de mercado”, alerta. “Na execução vemos que não é tão simples gerir recursos”. Além de destinar recursos para a inovação, ele comenta que é indispensável treinar e acompanhar as startups durante o processo de desenvolvimento.

A inovação pode ser incentivada de maneiras diferentes e ocorrer em produtos, processos de trabalho ou modelos de negócio. Ao inovar, uma empresa pode propor a incrementação de algo que já existe – por meio de melhorias perceptíveis – ou mudanças radicais, com transformações disruptivas do padrão existente.

Em 2022, mesmo com o 12º maior Produto Interno Bruto (PIB) da economia global, o Brasil ocupou a 54ª colocação – dentre 132 países – no ranking do Índice Global de Inovação (IGI). A informação foi divulgada pela OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual) e revela o desnível entre o poder econômico do país e seu potencial efetivo para inovar. Apesar da disparidade, o Brasil ficou em 2º lugar no ranking entre os países da América Latina e Caribe. Foi a primeira vez que o país figurou entre as três primeiras colocações.

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Categorias: Reportagem

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