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Teresina e Parnaíba se destacam com comunidades de startups no Piauí

22 de junho de 2021

De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), até o início de 2020 o Brasil registrava a presença de 78 Comunidades de Startups distribuídas pelos 27 estados brasileiros, sendo que boa parte delas se concentram nas regiões sul e sudeste do país. 

Mas os exemplos não vem só dessas regiões. No Piauí, há espaço para ideias e iniciativas visionárias – e e muitas precisam só de um empurrãozinho de incentivo para funcionar. No mesmo levantamento, o Nordeste é descrito como uma região exportadora de talentos tecnológicos para ambientes maduros e conectados. Áreas como educação, gestão, segurança e desenvolvimento de software estão entre as atuações principais em Teresina e Parnaíba. 

Made in Piauí

De uma conversa dos amigos Caio Farias e Welk Silva, por exemplo, surgiu a ideia da Lici: uma ferramenta que automatiza o processo de busca de produtos de varejo. “E se a gente conseguisse, ao invés de rodar no comércio, procurando por um produto, dar a mesma eficiência e rapidez que acontece se eu der um Google?”, perguntou-se Caio. Aos 28 anos, formado em ciências da computação, ele é sócio-fundador do aplicativo, junto com o amigo Welk. Depois, Tyago Veras também chegou para integrar a equipe. 

A ideia, aparentemente simples, esconde estratégias de automação que facilitam a vida de um consumidor conectado – qualquer varejo local pode atender as necessidades de quem busca no Lici, com a mesma eficiência de uma busca na internet. “Isso economiza o tempo do consumidor e traz novas demandas de consumo pro varejista, aquecendo o mercado local”, diz Caio. 

“Ao invés de estar procurando na internet, comprando do Mercado Livre, ele pode estar comprando aqui, no comércio vizinho”, explica. Lici, que é uma abreviação da palavra “licitação”, funciona em Parnaíba, mas a equipe planeja levá-la para Teresina e Sobral, no Ceará – cidades que entendem ter o perfil mais apurado para o uso dessa tecnologia e que ficam estrategicamente perto deles, já que toda a operação continuará acontecendo de Parnaíba. 

Geralmente associada ao eixo digital, startups não funcionam somente através da internet, mas surgem com frequência nessa área digital pela facilidade do recurso: um computador e uma boa rede de conexão já são o primeiro grande passo – junte a isso uma ideia que apresente boas soluções e pronto: eis uma receita de startup de sucesso. 

No Piauí, duas comunidades de startup despontaram, articulando empreendedores, colaboradores e sócios. A Cajuína Valley e a Carnaúba Valley – esta última, formada também na cidade de Parnaíba. As comunidades são agrupamentos desse tipo de empresa, em diferentes estágios, que integram todo o ecossistema e geram oportunidades de desenvolvimento para todos.

A Cajuína Valley surgiu em 2013 durante uma edição da Campus Party – evento de inovação e tecnologia que acontece em muitas partes do mundo. Um dos integrantes da comunidade, Joselé Martins, resolveu levar cajuína – bebida típica do Piauí – com um rótulo criado por ele com o nome “Cajuína Valley”, e ofereceu aos outros participantes. A ideia era chamar atenção para o nosso estado – e foi assim que o nome pegou. 

A Carnaúba Valley, por sua vez, nasceu em janeiro de 2019, com a meta  de descentralizar ações de estímulo ao empreendedorismo, à tecnologia e aos negócios digitais. A maior parte das startups integrantes se concentra hoje na capital do estado e estão em processo de ideação, começando seus modelos de negócios. 

“As comunidades são  importantes para que haja o desenvolvimento de uma cultura”, disse Gildário Dias Lima, professor e sócio-fundador da Tron, startup que integra a Carnaúba Valley. Para ele, uma região que pensa no seu potencial permite avanço em sua realidade, viabilizando o financiamento dessas propostas e suas implicações no cotidiano. Caio, da Lici, partilha do mesmo pensamento: “O primeiro de tudo é cultural. Tudo começa na escola, na família e na universidade”, defende.

Provando que a cultura das comunidades desenvolve um laço coletivo, Rodrigo Baluz, líder da Carnaúba Valley, defende: “Não é apenas um coletivo de startups – é um coletivo de pessoas”, diz, afirmando existirem diversos programas de fomento a investimentos nesse tipo de negócio hoje, embora o maior desafio para o Piauí seja buscar por esses incentivos – além, é claro, da falta de visão de gestores públicos e de uma educação voltada para o empreendedorismo.

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Categorias: Reportagem

Joseph Oliveira

Graduando em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

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