sexta-feira, 26 de abril de 2024

Teresina violenta: capital registra série de homicídios por armas de fogo

O acesso facilitado a armas contribui para o alto índice; principais vítimas são jovens e negros

16 de novembro de 2022

Edição Luana Sena

Cinco homicídios foram notificados no último final de semana em Teresina, todos cometidos com armas de fogo. Cerca de 90% das vítimas apresentavam o mesmo perfil: jovens, negros e residentes de lugares periféricos da capital. Entre as ocorrências, um rapaz de 19 anos foi baleado em frente à casa em que morava, um homem foi executado a tiros no Parque Alvorada, zona Norte de Teresina, e um adolescente de 17 anos foi atingido com disparos no rosto. 

Leia mais: Levantamento aponta que 93% dos registros estão em situação de irregularidade

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano revelaram um aumento em armas no estado. Nos últimos quatros anos, o número de armas de fogo com registros no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) cresceu cerca de 156% no Piauí.

Leia mais: Capital piauiense é uma das 50 cidades mais violentas do mundo

A obtenção simplificada de armamentos contribui para os altos índices de homicídios no Piauí. A capital, Teresina, possui 871.126 habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, e registra 34,79 assassinatos por 100 mil habitantes. Essa proporção fez o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal do México elencarem Teresina como uma das 50 cidades mais violentas do mundo.

Para o especialista em segurança pública, Arnaldo Eugênio, é necessário  implementar políticas sociais e públicas de prevenção à criminalidade juvenil, com ações estratégicas integradas entre educação, saúde, cultura, esporte e lazer para as juventudes. “O perfil das vítimas é produto da desigualdade social e da ausência de políticas públicas”, afirma Arnaldo. 

De acordo com o estudo do Balanço de Segurança Pública do governo federal, mais de 1 milhão de novas armas particulares foram registradas desde 2019. Por outro lado, a fiscalização no comércio ilegal desses armamentos foi enfraquecida. O novo estatuto retirou a exigência de comprovação da necessidade para compra de armas e munições.

Para Arnaldo, essa flexibilização indiscriminada da posse e porte de armas de fogo e munições, somada à frágil fiscalização nas fronteiras brasileiras, contribui para o tráfico de armas e alimentação do comércio do tráfico. “Numa sociedade fundada em bases violentas, a arma de fogo é um elemento importante no processo de aumento do índice de mortes violentas no estado do Piauí, no Brasil, em qualquer lugar”, observa o especialista. “E o alvo sempre serão os jovens mais pobres”.

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