sexta-feira, 10 de maio de 2024

171 anos de gente que faz

Mais do que obras, Teresina é feita de pessoas que promovem o lema da cidade: "Tudo pela Caridade"

16 de agosto de 2023

Em 1995, o Ostiga Júnior e André de Sousa inspiraram-se para uma música icônica que atravessou gerações. Nos versos de “Teresina capital do mundo”, previam uma cidade futurista com ruas mais lindas que as de Paris, a Potycabana sendo a Disney abaixo do Equador, o Troca-Troca um porto internacional e com direito até a visão de um disco voador acima do Meduna. Tudo observado pelo teresinense que toma seu champanhe cajuína. A cantiga pode ser um bom plano de fundo para seguir nesse texto que embala uma visão de uma capital dos sonhos que já começa a ser feita por quem faz a cidade. 

Teresina sob o olhar sensível do fotógrafo Rômulo Piauilino

Neste 16 de agosto a capital piauiense faz 171 anos. Antes de receber o nome de Teresina em homenagem à imperatriz Teresa Cristina Maria de Bourbon, que teria sido a mediadora junto ao imperador Dom Pedro II para a criação da capital numa história que todo bom teresinense sabe bem, a cidade era um povoado chamado Vila de Poti, local onde se criava gado e de localização privilegiada entre dois rios. Sua fundação iniciou com um projeto ousado do então chefe da província do Piauí, o conselheiro Saraiva, sendo a primeira capital provinciana planejada do país. Essa ousadia ainda se mantém, assim como os desejos de autonomia do seu povo, que lutou nas primeiras batalhas pela independência do Brasil. Uma prova é que ainda hoje muitos não esperam somente do poder público para tentar fazer uma cidade melhor.

O entardecer proporciona sempre bons olhares em Teresina. Foto: Douglas Gomes/ O Estado do Piauí

A cidade mais populosa do Piauí, com quase 900 mil habitantes, hoje cresce de forma acelerada e já abraça suas vizinhas. No entanto, acumula dezenas de problemas que vêm na bagagem do progresso e que dificultam a vida dos seus moradores. O planejamento para essa evolução está no Plano Diretor da cidade e aborda áreas como saúde, educação, meio ambiente e segurança com ações da gestão pública para cada setor.

O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) funciona como um guia para o futuro da cidade, assegurando direitos dos cidadãos e orientando seu desenvolvimento. É criado com a participação da população e revisado a cada 10 anos para se adequar às mudanças. Ele orienta o uso das áreas urbanas e rurais para diferentes propósitos, como habitação, comércio, indústrias e agricultura. Também desenha os possíveis caminhos para o crescimento da cidade, aproveitando infraestruturas existentes como esgoto, luz e transporte público. A ideia por trás dessa lei é garantir a função social da cidade e o bem-estar dos habitantes, promovendo um crescimento sustentável a partir de uma série de estratégias e normas para a cidade. Dessa forma, ele também contempla a preservação do patrimônio cultural, a proteção do ambiente natural e a promoção da função social das áreas urbanas. As expectativas, desejos e sonhos contidos nesse plano são transformados em realidade aos poucos por toda a cidade; por cidadãos que constroem Teresina e não podem adiar a transformação da realidade local. Ações que vão cruzando mais vidas e ganhando mais força por essa conectividade de gente que precisa ver a mudança acontecer.

No texto, que você pode encontrar no site da Prefeitura palavras genéricas indicam muitas ações, mas também evocam reflexões sobre coisas que dependem da participação popular, que nem sempre participa. Mas sempre existem os corajosos que lutam contra a maré.

Eles integram um batalhão de pequenas grandes pessoas que, no pouco que têm, dedicam muito em amor, carinho e, principalmente, tempo para ajudar honrando o lema da cidade que em latim diz Omnia in Caritate, “Tudo pela Caridade”. Seja com uma sopa para a comunidade, com aulas de dança gratuita para jovens, escolinha de futebol para a comunidade, atendimento de saúde gratuito ou com a plantação de mudas numa praça na esperança de colheita de um futuro verde e menos quente.

A dona Francisca Araujo anda sempre sorridente pelas ruas da sua comunidade, a vila Bom Jesus, na periferia Sul de Teresina, onde conhece a maioria dos moradores pelo nome e, também, pelos seus problemas. Desde uma ajuda para carregar uma lata de água, quando a região não era servida pelo abastecimento público, à entrega de um quilo de arroz para uma família necessitada, ela diz que fazia a sua parte, independente de poder público. “Ninguém vê. Ninguém olhou pra esse lado, pra nós. E vem vem político, volta político, a gente fica no meio no mesmo lugar”, destaca.

Dona Francisca durante o último sopão, onde também distribuiu brinquedos para crianças. (Foto: arquivo pessoal)

Ela não conhece todos os itens do Plano Diretor da cidade, mas sabe do que realmente sua comunidade precisa. E faz acontecer sem muita ladainha ou pompa. De tempos em tempos, quando consegue itens realiza um evento de distribuição de sopa, cestas básicas ou de brinquedos. O último, atendeu algumas dezenas de famílias no Dia dos Pais, mas numa comemoração pelo Dia das Mães atrasado, tendo em vista que nem sempre os pais são presentes vide o número de abandono paternal em comunidades como a dela. E isso já é assunto para um outro momento. 

Para a dona Francisca, ela poderia fazer muito mais. E tudo em troca dos sorrisos das crianças e o abraço fraterno que recebe de todos na comunidade. Ela afirma que suas ações poderiam ser copiadas por muita gente, o que ajudaria mais pessoas que realmente necessitam. E tudo isso faria uma cidade melhor.

Ela afirma que uma Teresina ideal para o futuro seria com mais empatia e com as sementes da infância plantadas com cuidado. “O que eu quero para o futuro é cuidar mais do povo, das crianças, com educação, com lazer para as crianças, envolver no futebol. Porque na periferia, as vilas estão sem esse apoio, foi um apoio desprezado, um trabalho social que a gente não tem. A gente quer uma Teresina de mudança, pois as crianças estão abandonadas. Dar mais atenção às famílias de baixa renda, famílias que não têm condição de se manter filho, não têm condição de manter dentro de casa o sustento, com alimento, com cesta, um trabalho que envolve a educação, saúde. Quero que as pessoas sejam assistidas, sejam vistas, que ainda ainda não chegou esses olhos aqui dentro dessa periferia nossa aqui na Vila Bom Jesus, Wall ferraz, Santa Cruz, essas vilas perto aqui, Parque Vitória. Não tem assalto, não tem um lazer. Nós não temos nada, então essas crianças ficam vagando aqui no bairro”, relata.

Nos passos da mudança

Marinalva mantém grupo que já mandou muitos jovens bailarinos para fora do país. (Foto: arquivo pessoal)

Marinalva Gamosa também é uma das que acredita numa cidade melhor e faz a sua parte. Bailarina experiente, hoje ministra aulas para pessoas de todas as idades, mas seu carinho especial com o balé está num projeto chamado Balé Jovem Marinalva Gamosa, que atende crianças e adolescentes que não teriam condição de pagar pelas aulas. E de lá já surgiram grandes apostas que elevaram a dança piauiense para um outro patamar, com bailarinas premiadas em eventos na Holanda e na Itália, além de muitas indicações para as melhores escolas do planeta como Bolshoi.

Marinalva acompanha jovens com o sonho da dança. (Foto: arquivo pessoal)

Ela fala orgulhosa dos seus alunos, mas com uma ferida causada pela realidade de muitos, que são obrigados a deixar o sonho de lado por conta da vida corrida na periferia que consome a rotina da arte para transformar jovens em ferramentas produtivas de um capitalismo selvagem. “Como em todo lugar, os que têm mais talento, são os que têm menos condição, não têm uma ajuda. Aí a maioria, quando faz 17, 18 anos, sai do balé, como já aconteceu muito, porque tem que trabalhar, tem que ajudar em casa, porque a própria família também não reconhece que a dança tem um futuro, que não é imediato. Então a maioria, é obrigada a trabalhar, muitas vezes, fazendo bico, como tem acontecido no balé. Tem uns bailarinos excelentes que poderiam já estar fora, mas quando chegaram com 17 anos, saíram, aí estão aí fazendo bico”, lamenta Marinalva.

Para Marinalva, uma atenção maior aos projetos de arte, seja de dança ou de outros, poderia criar muito mais talentos, o que fomentaria além de artistas, melhores cidadãos. “Gostaria muito de ver era uma Teresina que ajudasse, que participasse desses sonhos junto com a gente, que tivesse uma participação melhor, porque de uma certa forma ela já tem, como tem as aulas de dança no Teatro do Boi, no Teatro João Paulo II, no Ceu Sul e Norte, mas é pouco para a quantidade de jovens, de crianças, de adolescentes que dançam em Teresina. São muitos grupos, então Teresina que eu queria ver futuramente era com mais possibilidades para a dança, mais oportunidades, mais interesse em formar esses bailarinos, seja qual for a dança que ela queira fazer, mas que tem a mais oportunidade. Eu sonho com a Teresina um futuro de mais possibilidades na dança”, relata.

Uma das suas estrelas recentes é Paula Caroline ,que ganhou vários prêmios em Roma no último mês de maio. (Foto: Divulgação)

As flores que brotam dos lixões

“Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu’’ escreve Carlos Drummond de Andrade. Em Teresina, em meio ao lixo e à correria que se entrelaça à vida cotidiana, um projeto ajuda a florescer beleza na zona sudeste da capital; e como diria o poeta, afasta a náusea de dias tão desafiadores e traz esperança para a realidade local.

O projeto “Ide Onze Horas” nasceu, ou melhor, brotou, em fevereiro de 2020 com um objetivo crucial: arrecadar alimentos e roupas para auxiliar aqueles em situação de vulnerabilidade. Inicialmente, a estratégia dos integrantes do projeto era divulgar vasos de flores Onze-horas através das redes sociais com o intuito de trocar as plantas por alimentos a serem distribuídos para a população carente.

O idealizador do projeto, Kelps Dias, diz que o Ide 11 horas teve uma boa repercussão e expandiu as atividades, transformando em jardins os espaços repletos de lixo na zona sudeste da capital. “Fui convidado pela presidente do bairro Renascença 2, Lenir, para iniciar o projeto com um jardim. Transformamos uma praça que costumava ser um ponto de descarte de lixo em uma área cheia de flores para o acesso de toda a comunidade”, ressalta.

O Projeto 11 Horas provoca uma transformação na cidade, promovendo a limpeza e a revitalização de espaços poluídos (Foto: arquivo pessoal)

A partir dessa semente, o Ide 11 Horas passou a cultivar novos jardins nas demais áreas da região sudeste, levando consigo novas flores para embelezar o que antes era tomado por lixo. Kelps conta que os integrantes do projeto perceberam a

Kelps ensina como transformar pneu em jarro durante oficina em creche (Foto: arquivo pessoal)

importância de semear a educação ambiental nas comunidades, bem como a necessidade de reciclar e preservar o meio ambiente. “Transformar esse lixo em algo útil e agradável é muito gratificante. Essa é uma forma de auxiliar o meio ambiente, reduzindo a poluição dos rios e o acúmulo de lixo. Essas ações estão gerando mudanças significativas na vida de muitos moradores e na qualidade de vida das comunidades em que atuamos”, ressalta.

Segundo Kelps, a matéria prima que leva mais flores à capital são os pneus que, possivelmente, seriam parte do lixo nos ambientes revitalizados. “Reutilizamos pneus descartados que a gente consegue em borracharias da região Sudeste. Fizemos um levantamento e descobrimos que quase 5 mil pneus são jogados fora todos os meses. Portanto, aproveitamos esse material que pode ser reutilizado para diversas finalidades no nosso projeto”, conta.

Ensinar a técnica de transformar o lixo descartado em jardins também é uma das principais lições que o Ide Onze Horas promove. O grupo visita as comunidades, doa mudas e procura estimular os próprios moradores a adicionar mais beleza a outras áreas do bairro por meio da reciclagem. “Ensino como dobrar pneus, criar arte e montar os jardins. Tudo é feito por meio de doações, não temos abordagem financeira, apenas a busca por conscientização. Atualmente, transformamos a realidade de 52 locais, entre creches, praças e ruas transformados em espaços agradáveis”, explica Kelps.

A comunidade é essencial para espalhar as sementes desse projeto. É por meio do trabalho comunitário e das doações que o Ide 11 horas segue colorindo a zona sudeste de Teresina. A comunidade doa tinta, pincéis, mão de obra e aprende a 

transformar o resto dos alimentos consumidos em casa em adubo. “Começamos com um jardim e, à medida que a população aceitou a iniciativa, recebemos convites para creches, escolas e outras áreas públicas. Modificamos diversos locais que eram usados como pontos de descarte de lixo por anos. A manutenção é realizada por moradores que cuidam dos jardins e aplicam técnicas de cultivo. Além disso, incentivamos o reaproveitamento de materiais para a produção de adubo líquido, adubo orgânico”, explica.

As cores não brotam apenas das flores. Artistas, integrantes do projeto e as comunidades também pintam as paredes e todos os vasos que compõem os jardins. Kelps conta que o projeto busca mostrar como as pessoas podem continuar a propagar boas ações em suas comunidades, trabalhando em cima dos problemas, dos “espinhos” que existem nos locais. “O projeto Ide Onze Horas não tem isso de “terminar”. Ele busca ser uma continuação, ser um colaborador do cotidiano para levar esse bom olhar para a cidade, para os nossos problemas. Mostramos que a boa vontade ajuda. Recebemos doações de alimentos e roupas usadas da população, que são direcionadas para casas de recuperação e de pessoas em situação de rua. Incentivamos as pessoas a continuar a fazer o mesmo, a mudar a vida de outras pessoas e as paisagens de onde vivem”.

uma questão de amor

“Livros não mudam o mundo”, diz Mário Quintana. “Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. O “só” do poeta parece irônico em meio às transformações que um livro pode acarretar nas trajetórias; em como essa “nova” pessoa transformada pelos livros pode fazer a diferença e ser a mudança que a gente tanto espera acontecer. A ONG  “Brincando com os Livros” nasceu em 2014 com esse amor, com esse desejo de ver os livros transformando pessoas que transformam o mundo, que avançam com o social. Cansadas de esperar a mudança acontecer, o projeto foi iniciado por um grupo de quatro amigas que se reunia para realizar bazares beneficentes no conjunto Pedra Mole, zona leste de Teresina.. A intenção era arrecadar fundos destinados à compra e distribuição de cestas básicas para as comunidades carentes do bairro Cidade Jardim. Na época, muitas crianças costumavam acompanhar suas mães aos bazares, então as amigas decidiram entreter as crianças com a literatura enquanto as mães faziam compras.

O grupo, comprometido em incentivar o amor pelos livros e pela contação de histórias, passou a realizar atividades aos domingos em uma creche no bairro Cidade Jardim. A ideia foi crescendo, ganhando mais capítulos e em 2019 o projeto se tornou uma ONG, a associação “Brincando com os Livros”.

Uma das fundadoras da ONG, Nara Sampaio, explica que a “Brincando com os Livros” atende aproximadamente 25 crianças aos sábados, das 8h às 10h, em uma casa alugada no bairro Cidade Jardim. As atividades são realizadas por quatro voluntárias fixas que se revezam a cada sábado para conduzir as leituras. Além delas, há também voluntários que participam uma vez por mês, movidos pelo interesse na causa e pelo desejo de contribuir com as crianças. “O nosso trabalho é de formiguinha, de estar naquele incentivo todo sábado, para que elas possam enxergar o mundo com outro olhar, com olhar positivo, com olhar de esperança, com a certeza de que eles, enquanto cidadãos, podem mudar o mundo. Que é através dos livros, através da educação, através da leitura, que eles podem ter um futuro melhor”, reforça.

As ações da ONG começaram aos domingos em uma creche no bairro Cidade Jardim. Hoje, as atividades acontecem aos domingos em uma casa alugada, viabilizada por meio de doações (Foto: arquivo pessoal)

Leia mais:  [Tudo o que nós têm é nós] 

Durante as atividades, as crianças passam por um momento de acolhimento, no qual os voluntários buscam entender a rotina e a evolução escolar dos menores, visto que um dos requisitos para para se matricular na ONG é que as crianças estejam frequentando a escola e saibam ler. Nara explica que o projeto também realiza competições de leitura para estimular as crianças atendidas, emprestando livros para serem desbravados em casa e discutidos pelos participantes durante as atividades. Um dos adolescentes acolhidos pelo projeto, João Guilherme, chegou a ler quarenta e cinco livros em um ano. “A gente viu que quanto mais ele lia, mais ele tinha vontade de entender, de conhecer as coisas, o mundo. Atualmente ele é adolescente e já não faz mais parte do projeto, porque foi morar em outra cidade. Mas ele retornou para Teresina e nos confessou que dentro da escola em que ele está estudando, no ensino médio, ele está desenvolvendo um projeto de leitura. Inclusive, ele até pediu pra gente emprestar alguns livros pra poder levar pra escola dele e fazer esse projeto”, conta.

Durante as atividades, os alunos debatem os livros que leram em casa, contam histórias, desenham, pintam e aprendem a jogar xadrez (Foto: arquivo pessoal)

Além de alimentar a imaginação, a ONG contribui para amenizar um grande problema: a fome. No decorrer das atividades da manhã de sábado, a Brincando com os livros também oferece lanches. “Muitas das crianças que participam do projeto não fazem a primeira refeição do dia. A maioria delas sai de casa sem ter tomado café da manhã, porque não tem comida em casa. Assim, o primeiro alimento que algumas delas têm no sábado é fornecido durante nossas atividades”, relata.

A Brincando com os Livros é mantida por meio de doações, por bazares de roupas e pelo trabalho voluntário, o qual contribui para cobrir despesas como aluguel, água, energia elétrica, lanche e material de limpeza. No entanto, Nara ressalta a dificuldade em manter as atividades por conta das limitações financeiras e da pouca ajuda voluntária disponível. “Estamos necessitando muito desse apoio financeiro e também de mais voluntários. Em alguns sábados não há atividade porque não temos ajuda em quantidade suficiente para realizar as atividades, afinal de contas, nós atualmente recebemos cerca de 25 crianças. Por conta dessa limitação, a gente também não tem condição de receber uma maior quantidade de crianças”, desabafa.

Um guia silencioso, um mentor sábio e um amigo constante. O contato com os livros pode apresentar valores como empatia, tolerância e resiliência, principalmente nas mentes mais jovens, que desabrocham sob a influência das palavras impressas. E à medida que as páginas são viradas, o conhecimento se acumula, transformando-se em ferramenta para enfrentar, moldar ou transformar o mundo. Nara conta que sempre recebe retornos positivos das mães, que mencionam o quanto  o projeto auxilia no desenvolvimento da comunicação e na habilidade dos pequenos de interpretarem textos. O projeto proporciona às crianças e adolescentes essa exploração de um mundo novo e abre páginas para um futuro que não caia nos percentuais de muitos jovens das periferias de Teresina. “A gente não cobra nada paras crianças participarem. Fazemos um trabalho de coração, de amor pela causa. É só mesmo a questão do amor e da boa vontade. A nossa expectativa é que as crianças que estão lá hoje possam ter um futuro melhor através da leitura, através dos livros. Que elas possam gerar no mundo uma transformação através da leitura”, diz.

As crianças e adolescentes trocam comentários sobre os livros em uma roda de conversa e todos participam da leitura de trechos do obra durante o momento (Foto: arquivo pessoal)

Dos versos para o planejamento

Ostiga Júnior, que juntamente com André de Sousa, compuseram a música e, além da letra, também contribuíram para a cidade com algumas ações. O primeiro como gestor da Fundação Municipal de Cultura e membro do Conselho Municipal de Cultura e o segundo com aulas de guitarra para jovens.

Para Ostiga, a cidade do futuro seguiria sua vocação natural. “é uma cidade mais humana, com a própria vocação que ela já tem para ser uma cidade humanizada, e que essa característica seja mais latente com maior mobilidade, esse problema de mobilidade já solucionado, já ultrapassado, e que as pessoas tenham mais vez e voz para definirem aquilo que querem, aquilo que precisam, aquilo que querem, e que tenham representação realmente, não só na casa do povo, que é a Câmara Municipal, mas também dentro da prefeitura, né? Que a prefeitura seja realmente uma representatividade do bem para a cidade, e que a cidade possa viver esse bem, faltaria o povo. Povo só rindo e construindo, trabalhando e se orgulhando de morar na cidade onde mora. Essa seria para mim a verdadeira capital do mundo”, destaca.

De todas as formas, cores e olhares das pessoas, todos pensam pequeno com um desejo grande para uma cidade do futuro, que quem sabe num tempo distante possa sair no Jornal Nacional como “a nova capital mundial” onde é possível esquecer da vida, pois não existe problema, já que tranquilidade não seria novidade pra ninguém.

Para Ajudar

Você se interessa em contribuir com as ações dos projetos e Ongs desta matéria? As doações podem ser feitas a partir do contato com os organizadores nos perfis dos movimentos nas redes sociais.  Para entrar em contato com os organizadores do projeto 11 Horas é só clicar aqui. E se quiser conhecer melhor a turma da ONG Brincando com os Livros, acesse este link.

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Diego Iglesias

Jornalista, mestre em comunicação pela Universidade Federal do Piauí.

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