segunda-feira, 29 de abril de 2024

“Valeu a pena esperar 14 anos”

Música, produção cultural, o papel da política e o legado do Piauí Pop com Tiago Peixoto no novo episódio de O Estado de Coisas

06 de março de 2023

O ano era 2004 e o primeiro Piauí Pop apresentava a banda “Dinos” – era uma brincadeira com a velha guarda da música piauiense que se juntava ali, pela primeira vez, ao som que pulsava jovem e vivo, tendo como principais expoentes Teófilo, Acesso, Amigos do Vigia e Narguilê Hidromecânico. “Tinha muita banda produzindo coisas com qualidade acima da média”, lembra Tiago. “A ideia, este ano, é reeditar isso”.

Em um papo divertido e empolgante, Pedro Veras recebe Tiago Peixoto, o produtor à frente da volta do Piauí Pop, na mais nova temporada do podcast O Estado de Coisas (ouça aqui). Ele conta histórias de bastidores, fala sobre produção cultural no estado e o papel da política nisso e aposta no potencial do festival de colocar bandas piauienses no circuito das oportunidades. “O Piauí Pop reúne um público que jamais as bandas locais conseguiriam reunir”, diz Tiago, que é filho do criador do evento, Marcus Peixoto. “Então ele se utiliza da visibilidade dos artistas nacionais para atrair um público e apresentar um Piauí que as pessoas não valorizam”. 

Pedro Veras recebe Tiago Peixoto na nova temporada do podcast O Estado de Coisas

Pedro pergunta sobre a influência do Peixotão, como era chamado o produtor, morto em 2012 em um acidente de carro, e seu legado não apenas para os filhos, mas para o Piauí. “Era meio artista, meio empreendedor”, relembra Tiago, publicitário. “Tinha um lado muito generoso dele, de dar muito sem esperar receber em troca. Isso me marcou bastante.”

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A decisão de voltar com o festival 14 anos após a última edição, diz, só foi possível quando conseguiu responder para si mesmo a pergunta: o que o Piauí Pop representa? “Fui enxergando melhor, pesquisando sobre minhas memórias, os princípios que nortearam as decisões estratégicas”, comenta Tiago. “Agora, com um certo distanciamento histórico, consigo perceber o que era o evento: um sentimento de orgulho e pertencimento.” 

 

Tiago Peixoto conta as novidades do Piauí Pop 2023

Após divulgar o line up, o Piauí Pop abriu as vendas para o primeiro lote, que esgotou em poucas horas no último domingo (5). Na quarta, 8 de março, a produção deve liberar novos ingressos para o evento que acontece de 4 a 8 de julho no Ginásio Albertão (Arena Pop) e no Prédio da Fiepi (Arena Tem Futuro). 

Seleção das bandas e novidades

No podcast comandado por Pedro Veras, publisher de oestadodopiaui.com, Tiago Peixoto falou também das dificuldades da produção cultural no estado e do papel do poder público nisso. “A gente precisa romper uma barreira geográfica, econômica e cultural”, contou. “Por mais que tenha tecnologia, internet, existe um eixo onde as coisas são feitas e a gente está à margem desse eixo”. 

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Para ele, o papel do festival é  colocar as bandas no circuito e dar oportunidade. “A página um do manual do nosso papel como produtor de eventos é promover a cultura local”, opinou. “E acho que o governo pode ter um aliado muito grande, que é o empreendedor”. 

A partir de março, bandas locais com trabalho autoral poderão se inscrever para a seleção, que será feita em parceria com a plataforma “É show”, a maior deste segmento na América Latina. “A partir dela e da tecnologia é que vamos fazer esse funil, para ver as bandas que têm aderência a esse formado e tendo em mente dois nortes: reconhecimento e incentivo”, adiantou Tiago.

Com o intuito de fomentar o ecossistema de produções culturais, a programação do festival cresceu de dois para cinco dias, estendendo a troca e interação entre um setor econômico que trabalha no backstage para que tudo aconteça. “Se uma banda chegou ali para tocar, tem uma cadeia por trás”, conta o produtor. “Nesta edição vamos ter um programa de desenvolvimento para isso, ofertando troca de tecnologia, conversa com os artistas e todo o trade envolvido”, adiantou. “Os primeiros dias vão ser de trocas muito intensas, celebradas com os shows no final do festival”.

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Luana Sena

Jornalista, mestra e doutoranda em comunicação na Universidade Federal da Bahia.

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